Com Rede Rua, MST distribui marmitas de Natal a pessoas em situação de rua em São Paulo (SP)

Com ingredientes fornecidos pelo Armazém do Campo SP, militantes do MST e Rede Rua realizam ação simbólica de distribuição de marmitas na véspera do Natal
Nessa ação simbólica, MST e Rede Rua distribuíram marmitas quentinhas par 52 pessoas em situação de rua na região do Brás, em São Paulo (SP) (Foto: MST/Rede Rua)

Por Ludmilla Balduino
Da Página do MST

Em uma ação de caráter simbólico, o MST, o Armazém do Campo em São Paulo e a Rede Rua distribuíram 52 marmitas para pessoas em situação de rua na região do Brás, capital paulista, nesta tarde de véspera do Natal.

David Zamory, do MST de São Paulo, disse em entrevista ao Brasil de Fato que a ação da véspera de Natal – e as outras ações de distribuição de alimentos realizadas ao longo do ano pelo movimento – não são assistencialista e sim solidárias.

“Existe uma solidariedade que a gente chama de ‘empresarial’, que tem um objetivo mais assistencialista ou de promover marcas. O nosso objetivo, não. O nosso é criar laços de solidariedade, e foi a partir desses laços que foram criados neste processo que a gente decidiu fazer mais esta ação agora”.

Quentinhas foram fornecidas pelo Armazém do Campo SP e entregues pela Rede Rua e MST na região do Brás, em São Paulo (SP)/ Foto: MST

Andressa do Carmo, da equipe de coordenação da organização Rede Rua, diz que com a pandemia e o agravamento da crise socioambiental no país, tem observado um aumento relevante do número de pessoas sem casas em 2020. “No censo realizado no início do ano, a cidade assume 25 mil pessoas em situação de rua. Mas a gente que está na atuação do dia-a-dia, observa que esse número é muito maior. Especialmente por conta da pandemia.”

Ela revela que, nas ruas de São Paulo, há a presença cada vez mais numerosa de famílias que foram despejadas de suas casas. E enquanto o número aumenta, políticas públicas e projetos de atendimento à população em situação de rua foram cancelados ao longo de 2020. “Haviam projetos de lavagem de roupa, de banho, que foram interrompidos.”

Atuando desde a década de 1980 em São Paulo, a Rede Rua tem hoje duas estruturas de apoio a pessoas em situação de rua na capital paulista. Uma é fixa: a Chapelaria Social – com serviços de bagageiro, banho e lavagem de roupas – que atende cerca de 100 pessoas por dia. 

Andressa do Carmo, da Rede Rua, revela que na capital paulista é possível observar um número superior a 25 mil pessoas em situação de rua – também foi percebido um aumento do número de famílias em situação de extrema pobreza, despejadas de suas casas/ Foto: MST/Rede Rua

A outra estrutura, construída em parceria com o Sindicato dos Bancários e o Movimento Estadual da População em Situação de Rua, atende em média mil pessoas por dia e oferece, além da acolhida através da comida, água e banheiros. Em um domingo de cada mês, são oferecidos corte de cabelo, distribuição de roupas, atendimento médico e jurídico. Essa estrutura funcionará até junho de 2021.

“O próximo ano vai ser um desafio muito grande para todos, em geral. Consequentemente, isso vai impactar ainda mais as pessoas na rua. A gente vê um número muito grande de famílias e crianças em situação de rua. Não existe, na assistência social em São Paulo, espaços para acolher tantas famílias”, diz.

Os ingredientes das 52 marmitas distribuídas na tarde do dia 24 de dezembro foram fornecidos pelo Armazém do Campo SP. A preparação e distribuição ficaram por conta de militantes do MST e da Rede Rua.

Ano de 2020 é marcado por ações de solidariedade do MST

Cerca de 700 mil marmitas foram preparadas e distribuídas pelo MST a pessoas em situação de insegurança alimentar, em várias cidades dos país/ Foto: MST

Com o iminente colapso econômico, sanitário e socioambiental, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra organizou-se para responder rapidamente à crise de insegurança alimentar que atingiu as pessoas mais pobres, em especial, as que vivem nas periferias das cidades.

Em 2020, o MST doou ao todo 3.800 toneladas de alimentos agroecológicos, não-industrializados e saudáveis, e distribuiu 700 mil marmitas para pessoas em situação de vulnerabilidade.

*Editado por Yuri Simeon

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