Caprinocultura

Relatos Produtivos: Caprinocultura Leiteira na Paraíba

Neste Dia da Caatinga, 28 de abril, conheça mais sobre a experiência produtiva do assentado Augusto de Souza no bioma
Augusto no tanque de armazenamento e resfriamento de leite, produzido com a caprinocultura. Foto: Arquivo pessoal

Da Página do MST

A experiência produtiva no bioma Caatinga é diversificada e garante renda para camponeses e camponesas que vivem em assentamentos e acampamentos pelo Brasil a fora.

Todos os biomas que ocorrem no Brasil estendem suas fronteiras para além do limite do país, com exceção da Caatinga, que é a região que se encontra exclusivamente no território brasileiro.

No mundo, existem outras regiões semiáridas, como por exemplo, no Chile, na Ásia e na África, que compartilham características semelhantes do clima semiárido e de regime irregular de chuvas. Porém, quando os cientistas compararam as espécies daqui com as dessas regiões, verificaram que as nossas espécies não apenas eram diferentes e exclusivas, como também apresentavam uma diversidade bem maior.

Mas então, o que fez a Caatinga ser única? Foram justamente os eventos relacionados a variações no clima (entre muito quente e muito frio), que ocorreram aqui há milhares de anos que fizeram com que a vida se estabelecesse nessa região de uma forma diferente e peculiar.

Neste Dia da Caatinga, 28 de abril, o MST coleta sementes, planta árvores e potencializa experiências produtivas como do Augusto de Souza, assentado no estado da Paraíba.

Augusto trabalha com caprinocultura leiteira e produz cerca 39 litros de leite por dia, com sua família.

Saiba mais no relato abaixo:

Assentado Augusto na ordenha das cabras, que produz com sua família. Foto: Arquivo pessoal

Eu sou Augusto Belarmino de Souza, assentado da Reforma Agrária do Assentamento Che Guevara, localizado no município de Casserengue (PB).

O Assentamento Che Guevara possui 13 famílias assentadas, possui produção na base da agricultura e pecuária, sendo que a pecuária se divide em caprinocultura de leite e corte. Aqui no assentamento também é produzido milho agroecológico e ainda possui um banco de semente que é referência municipal. Tenho uma parcela de 16 hectares, localizada no semiárido, onde desenvolvo a caprinocultura leiteira, juntamente com minha família, e para gente hoje é a base de nossa renda. A escolha foi devido a boa produtividade e por compor animais de pequeno porte, que está bem adaptada às condições do semiárido.

Sobre a nossa produção, tiramos em média 39 litros de leite por dia que depois é colocado no tanque de armazenamento e resfriamento, localizado na sede do município, junto com outros companheiros dos assentamentos vizinhos que também trabalham com a caprinocultura leiteira. O leite é vendido a R$ 2,20 e a renda mensal pode chegar a R$ 2.500,00 reais.

A caprinocultura agride menos o meio ambiente comparado a bovinocultura, já que é um animal de pequeno porte, muito boa de pastejo na cantiga. Lógico que é necessário um manejo adequado do rebanho para conservação do semiárido. O Plano Nacional “Plantar árvores, produzir alimentos saudáveis” é muito importante para a gente, pensando em plantas nativas da Caantinga que vem para fortalecer e recuperar bancos de proteínas. Vem também com ações para combater a desertificação que ocorre no semiárido, a qual empobrece o solo e há perda das árvores.

Vemos o reflorestamento como uma ação revolucionária, pois antes de virar assentamento aqui era uma fazenda que já apresentava um alto grau de degradação, e a ideia é que possamos recuperar áreas de preservação permanente, como nascentes e matas ciliares. O que tem de mata dentro do assentamento é a que vínhamos conservando desde a desapropriação. Então é possível ter renda e conservar nosso bioma, e o plano só vem para fortalecer ainda mais essa relação.”

*Editado por Solange Engelmann