Solidariedade

Famílias Sem Terra doam alimentos a profissional de saúde em hospitais, no Vale do Jaguaribe/CE

A ação faz parte da programação de aniversário de sete anos do Acampamento Zé Maria Tomé e em comemoração aos 32 anos de lutas, resistências e conquistas do do MST em território cearense
Foram doados banana, jerimum, mamão, coco, batata, acerola, macaxeira, limão e algumas variedades de ervas medicinais.  Foto: Coletivo Comunicação MST Ceará 

Por Aline Oliveira
Da Página do MST

Na manhã desta sexta feira (7/5), famílias Sem Terra do Acampamento Zé Maria do Tomé, na Chapada do Apodi Limoeiro do Norte, doam cerca de duas toneladas de alimentos a profissionais da área da saúde nos hospitais São Camilo e Dioclécio Lima Verde, em Limoeiro do Norte e hospital municipal Joaquim Manoel de Oliveira, no município de Quixeré na região do Vale do Jaguaribe.

Dentre os itens foram doados banana, jerimum, mamão, coco, batata, acerola, macaxeira, limão e algumas variedades de ervas medicinais. A ação faz parte da programação de aniversário de sete anos do Acampamento Zé Maria Tomé e também da comemoração aos 32 anos de lutas, resistências e conquistas da chegada do MST em território cearense.

A Campanha tem por objetivo se solidarizar com os profissionais da saúde que estão na linha de frente no combate à Pandemia e aos seus efeitos devastadores. “Essa semana nosso Acampamento Zé Maria do Tomé completou sete anos de lutas, conquistas e resistências. Nesse sentido, realizamos uma campanha de doação de alimentos da produção das famílias acampadas para doar para os profissionais de saúde, que estão doando suas vidas na linha de frente diariamente para garantir nosso povo vivo. Doar alimentos é mostrar um pouco da nossa gratidão” afirma Renato Pessoa, dirigente estadual do MST.

A doação é uma forma de agradecer os esforços em salvar vidas dos profissionais da saúde. Foto: Coletivo Comunicação MST Ceará 

Para a acampada Damiana Bruno “é com muita alegria que a gente está fazendo essa doação, é uma forma de reconhecer o valor de cada profissional que tem se dedicado assumido a linha de frente, e esses profissionais muitas vezes são invisibilizados. Então nosso acampamento reconhece todo esse trabalho, essa trajetória e como nós estamos num espaço que podemos produzir, podemos viver, manter o distanciamento e nos cuidar mais, a gente tem o prazer de partilhar o que temos, um bem tão essencial à vida que é o alimento”.

Rameres Regis, professor de História da FAFIDAM, da Universidade Estadual do Ceará, e militante do Movimento 21 (M21) relata: “hoje estamos muito felizes com essa ação das famílias Sem Terra do Acampamento Zé Maria do Tomé. É uma ação muito importante principalmente para mostrar para sociedade a necessidade desse modelo de implantação da produção agroecológica para os agricultores e agricultoras. Nesse sentido, parabenizar o acampamento pela luta e resistência e por manter os valores da solidariedade nesse momento tão difícil da conjuntura”.

Acampamento Zé Maria do Tomé: Uma história de luta e resistência

São sete anos de luta pela Reforma Agrária e por justiça social naquele território. São sete anos de  resistência à indústria do veneno e às investidas do agronegócio. Resistir na chapada é lutar pelo acesso à terra, trabalho, água, liberdade e também para consolidar um novo modelo de produção agrícola com base nos princípios agroecológicos.

Dia 05 de maio de 2014, centenas de famílias Sem Terra ocuparam a Chapada do Apodi, eram crianças, jovens, adultos, mulheres e homens carregados de  sonhos e muita disposição para o trabalho. O acampamento representa sonho por liberdade, produção de alimentos saudáveis, a defesa da vida em sua plenitude. 

O Acampamento leva o nome de Zé Maria do Tomé, em homenagem ao agricultor, ambientalista que sempre esteve na luta contra a pulverização aérea na chapada, em 2010 ele foi assassinado com 20 tiros por conta de seu envolvimento na luta contra o uso do veneno. O acampamento fez essa homenagem como forma de demonstrar que a luta de Zé Maria continua, e sempre entoam a palavra de ordem “companheiro Zé Maria, aqui estamos nós, falando por você já que calaram sua voz”. Demonstrando o respeito e a continuidade de sua luta.

*Editado por Solange Engelmann