Homenagem

PR: Comunidade Emiliano Zapata inaugura bosque em homenagem a Lindolfo Kosmaski, em Ponta Grossa

Ato ocorreu no último sábado (12/6) e também marcou o aniversário de 18 anos do pré-assentamento
Bosque da Biodiversidade prestou homenagem ao jovem camponês, assassinado no dia 1º de maio, vítima de homofobia. Foto: Lucas Souza e Valmir Fernandes

Por Lucas Souza
Da Página do MST

A comunidade Emiliano Zapata, de Ponta Grossa, no Paraná, comemorou no último sábado (12/6), 18 anos de existência com a inauguração do Bosque da Biodiversidade Lindolfo Kosmaski, em homenagem ao jovem camponês de 25 anos, assassinado no dia 1º de maio, vítima de homofobia.

Araucária, canela, amora e jabuticaba são algumas das plantas que foram cultivadas, elas “são símbolo da vida”, é o que diz Neumari de Souza Leite, coordenadora da comunidade, “é em homenagem e a gente quer também justiça, por esse crime cruel que foi cometido com ele”. 

Lindolfo era professor, formado no ano de 2018 no curso de Licenciatura em Educação do Campo, Ciências da Natureza com ênfase em Agroecologia, pela Escola Latino Americana de Agroecologia (ELAA), localizada no assentamento da Lapa. O jovem foi mais uma vítima da LGBTfobia, em um dos países onde mais se mata homossexuais no mundo. 

Os apoiadores, presentes plantaram árvores frutíferas no bosque que brota na beira da rua do Taico é, nas palavras de Neumari uma “homenagem a ele [Lindolfo], para que no futuro a gente possa colher os frutos que estamos plantando aqui hoje”. 

Além dos moradores da comunidade, também participaram do ato os pais de Lindolfo; integrantes da APP Sindicato; da ELAA; e de outras entidades apoiadoras da comunidade. 

18 anos de resistência

Localizado a 20 km da cidade de Ponta Grossa, no acampamento Emiliano Zapata vivem 70 famílias, divididas em 50 unidades produtoras – denominação escolhida pela própria comunidade ao invés do usual “lote” – que cultivam cereais, hortaliças, árvores frutíferas, ervas medicinais e possuem diversas criações. 

Além de usada para o consumo próprio das famílias, o excedente da produção é comercializado principalmente para merenda escolar, por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e nas Feiras Verdes de Ponta Grossa, através da Cooperativa Camponesa de Produção Agroecológica da Economia Solidária (Cooperas).

Os camponeses que vivem no Emiliano Zapata já participaram das ações de solidariedade que estão sendo promovidas pelo MST desde o início da pandemia. São toneladas de alimentos produzidos pela comunidade e doados para famílias vivendo em vulnerabilidade na região urbana.

Previamente organizados no município de Palmeira, mais de 150 famílias conquistaram a área em 2003, quando o MST organizou diversos acampamentos em áreas com decreto de desapropriação.

Este território pertencia a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), que de acordo com o MST, estava sendo utilizada para o cultivo de pinus elliottii, com fins econômicos da iniciativa privada e também plantio de soja e experimentos com sementes transgênica e ainda estava ocorrendo na área um processo de tomada de terra públicas, através de grilagem. 

Foram diversos obstáculos superados pelas famílias para permanecer no território. Através da união, a comunidade persiste resistindo.

*Editado por Solange Engelmann