Campanha

Casa de Cultura do MST no DF arrecada fundos para sua construção

Campanha de financiamento coletivo visa construção da Casa de Cultura do MST no DF e Entorno.
Imagem da ideialização da Casa de Cultura do MST. Foto: Acervo MST no DF e Entorno.

Por Janelson Ferreira
Da Página do MST

Vai até o próximo dia 5, domingo, a campanha de financiamento coletivo para construção da Casa de Cultura do MST no DF e Entorno. A Casa ficará localizada no Centro de Educação Popular e Agroecologia Gabriela Monteiro, Brazlândia, DF, distante 35 Km de Brasília. Para doar e ter acesso a mais informações, basta acessar aqui.

A proposta é que ela seja um local de promoção, articulação, formação e organização da cultura popular. A estrutura atenderá não somente as famílias Sem Terra da região, mas toda a classe trabalhadora do DF e suas organizações, como partidos, movimentos, sindicatos, etc.

Até esta quinta-feira (2), a campanha de financiamento já arrecadou 23.350 reais. No entanto, é necessário arrecadar o total de 30 mil reais até domingo (5) sob o risco de, caso não alcance o valor, a campanha perder todo o recurso arrecadado até então. Não sendo possível este financiamento, a construção da casa de cultura fica inviabilizada.

É possível contribuir com qualquer valor para a ação. Aqueles que optarem por valores específicos, poderão receber recompensas (bonés, camisetas, artes digitais…). Algumas destas recompensas são artes cedidas para a campanha pelas/os artistas Gabriel Lyon, Muha Bazila, Mão, Oberas, Bucólica do Cerrado, Bea, todas/os aliadas/os do MST.

A obra “Ainda sobre as águas”, de Muha Bazila, foi doada para a campanha de construção da Casa de Cultura. Foto: Acervo MST no DF e Entorno.

Segundo Aldenora Pimentel, da coordenação do Centro de Educação Popular e Agroecologia Gabriela Monteiro, o projeto é fruto de um esforço coletivo, que se insere em uma experiência histórica. “A Casa é a concretização de um movimento cultural, de resistência da cultura camponesa, que existe aqui no DF e Entorno há muito tempo” explica.

De acordo com Pimentel, a iniciativa não estará restrita ao Movimento. “O espaço é pensado para toda a classe trabalhadora, que constrói, cotidianamente, sua cultura”, ressalta. A dirigente ainda afirma que a Casa de Cultura terá “portas abertas para quem quiser se somar nesta resistência e desejar construir este espaço de alimento da cultura camponesa”.

Simone Rosa, professora de artes em uma escola pública em Brazlândia, DF, foi uma das doadoras da campanha e destaca a importância da Casa de Cultura para a região. “Apesar da grande riqueza cultural de Brazlândia, a cidade ainda carece de instrumentos públicos que promovam encontros, formação, articulação e produção cultural”, explica.

Para a professora, o projeto da Casa de Cultura tem uma relevância significativa no momento atual do país. “A semente desta Casa, como um espaço gregário, bonito e coerente com os paradigmas estéticos que insurgem de nossas utopias e lutas é como um farol em meio a momentos tão difíceis como estes que estamos passando”, reflete Rosa.

Projeto utilizará técnicas de bioconstrução

A construção da Casa da Cultura será baseada em materiais e técnicas de bioconstrução compatíveis com a realidade do local e com os ideais de presente e de futuro do Movimento Sem Terra. Todos os espaços da Casa serão organizados por paredes circulares concêntricas ou radiais que permitem a criação de espaços de aprendizagem e interação, leitura, descanso, armazenagem de material e alimentação rápida.

As paredes serão construídas com arquitetura de terra, dispensando a necessidade de concretagem de pilares estruturais. Ao redor da Casa da Cultura, muretas também com paredes em arquitetura de terra permitirão a criação de espaços de jardim, sociabilização e circulação. Em frente à futura edificação já se encontra um parquinho infantil para a acolhida das crianças que sempre acompanham as famílias nos processos de formação.

“Este projeto foi pensado por um grupo diverso de arquitetos, estudantes de arquitetura e militantes do MST”, explica Julia Theodoro, arquiteta que contribui com a campanha. Segundo Theodoro, a proposta arquitetônica da construção busca refletir os ideiais de economia solidária do MST. “Este é um espaço que buscará acolher e divulgar todas as manifestações culturais do Movimento e aquelas que ocorrem nas periferias do DF”, destaca.

Escritório modelo da UnB é parceiro da Casa de Cultura

A construção da Casa da Cultura será realizada em parceria com o CASAS – Centro de Ação Social em Arquitetura Sustentável – que funciona como o escritório modelo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (FAU – UnB). O CASAS desenvolve projetos junto às comunidades do Distrito Federal, principalmente aquelas que não têm acesso aos serviços de arquitetura. Atua também em parceria com OnG’s, cooperativas e pessoas interessadas em investir em construções sociais.

Julia Theodoro, que foi estudante da UnB, faz parte do CASAS e destaca sua importância. “Foi a partir da formação junto a esta iniciativa que tive contato, ainda durante minha graduação, com assentamentos rurais e algumas periferias do DF”, explica a arquiteta.

Construção da Casa de Sementes, em 2019, foi a primeira ação em parceiro com o MST do CASAS. Foto: Acervo MST no DF e Entorno.

No Centro de Formação Gabriela Monteiro, a primeira ação em parceria com o MST foi a construção da Casa de Sementes, em 2019. Arquitetos, estudantes egressos da UnB e do Projeto CASAS, contribuíram no projeto arquitetônico, e a construção foi feita com mutirão envolvendo a militância do movimento e estudantes de arquitetura. A relação se construiu e hoje, os estudantes que colaboraram na construção da Casa de Sementes também participam do projeto da Casa da Cultura.

*Editado por Fernanda Alcântara