LGBT Sem Terra

Fortaleza recebe o lançamento presencial do livro LGBT Sem Terra: rompendo cercas e tecendo a liberdade

A produção marca a comemoração dos cinco anos do coletivo e teve seu primeiro lançamento em maio do ano passado, de forma virtual, em decorrência da pandemia do coronavírus.
O Coletivo LGBT Sem Terra foi construído pela tomada de consciência conjunta sobre diversidade sexual e de gênero em na sociedade. Foto: Comunicação MST

Por Morgana Souza
Da Página do MST

Foi num cenário repleto de mística, emoção e muitas bandeiras repletas de cores vibrantes, que aconteceu em Fortaleza (CE), na noite do último sábado (30), o lançamento presencial do primeiro livro do coletivo LGBT (Lésbicas, gays, bissexuais e trans) do MST, intitulado “LGBT Sem Terra: Rompendo cercas e tecendo a liberdade”. A produção marca a comemoração dos cinco anos do coletivo e teve seu primeiro lançamento em maio do ano passado, de forma virtual, em decorrência da pandemia do coronavírus.

Do dia 29 de outubro a 2 de novembro, lideranças LGBTs Sem Terra da região nordeste do país estão reunidas presencialmente para estudar e discutir os avanços do coletivo para o próximo período. Então, aproveitando o clima de entusiasmo, esperança e muita resistência, sabendo que a luta contra toda forma de exploração e opressão é uma tarefa do conjunto da classe trabalhadora, que o encontro é marcado por esse lançamento histórico.

Enfatizando que o debate da diversidade não pode ser tratado como secundário na nossa organização e conjunto da sociedade, estiveram presentes, além de lideranças estaduais e nacionais do MST, diversos partidos políticos, universidade, movimentos sociais e mandatos populares do campo popular no município.

Genivando Santos, da direção nacional do MST no Ceará, sendo simbolicamente presenteado pelo Coletivo. Foto: Comunicação MST

Genivando Santos, da direção nacional do MST no estado do Ceará, foi presenteado simbolicamente pela contribuição com o crescimento e fortalecimento do coletivo no estado e nacionalmente. Ele enfatiza que “se hoje o MST tem um coletivo como o LGBT Sem Terra, é porque foi fruto de uma organização coletiva, onde foram travadas muitas lutas internas para que o movimento contribua na sociedade”. Assim, foi despertado na organização que era preciso romper cercas para além do latifúndio, lutando contra qualquer barreira que impeça a liberdade e o amor em qualquer das suas maneiras.

O marco de criação desse coletivo, que emergiu da tomada de consciência conjunta da diversidade sexual e de gênero, permitiu que o lançamento dessa obra marcante esteja sendo possível. O processo de elaboração do livro começou no ano de 2017, fruto de um desejo que possibilitasse o registro histórico do coletivo. Alessandro Mariano, da direção nacional do Coletivo LGBT do MST, enfatiza que “foi necessário frisar que nós existimos sim no movimento, para assim rompermos com a barreira da invisibilidade”.

Dirigente Nacional do Coletivo, Alessandro Mariano, comentou os desafios internos para se avançar no debate. Foto: Comunicação MST

Sabendo que uma linguagem só não seria suficiente e que apenas as palavras não iriam transmitir a pluralidade de narrativas presentes, o livro é dividido em sete partes: invisibilidade, grito, consciência, subversão, luta, amor e revolução. Trazendo, então, lições em forma de poesias, contos, fotografias e documentos, falando das alegrias, dores e cicatrizes que marcam os processos que se permeiam em viver em uma sociedade LGBTfóbica:

“Partilhamos aqui a história de sujeitos que romperam com a invisibilidade; encontraram força coletiva para gritar contra as opressões e destruir os armários; e vem construindo um processo de consciência sobre a importância da diversidade e da liberdade sexual na luta pela emancipação humana. Está é a história daqueles e daquelas que fazem subversão e luta com a coletividade Sem Terra, aprendendo a não se enquadrar e não se calar. De punhos erguidos, afirmamos que o caminho é enviadecer, sapatonizar e travestilizar a luta, tomados por um grande sentimento de amor para forjar a Revolução.” (p. 17)

Em tempos de retrocesso e barbárie, é cada vez mais urgente contar e valorizar a história daquelas e daqueles que fazem cotidianamente a subversão, que não se enquadram, não se calam e seguem persistindo firmes como uma muralha, munidos de esperança, erguendo bandeiras vermelhas e coloridas, caminhando com fervor rumo à revolução comunista, proletária, transviada e sapatão, pois sem LGBT não há revolução! Se a sociedade capitalista, burguesa e opressora segue semeando o ódio, nós seguiremos semeando o amor!

*Editado por Iris Pacheco