Meio Ambiente

2 mil árvores são plantadas em homenagem a Marighella no Extremo Sul da Bahia

Bosque Carlos Marighella resgata o legado do líder baiano
O Ato lançou nacionalmente o Plano “Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis”. Foto: Jonas Santos

Por Lays Furtado
Da Página do MST

Com a presença de Maria Marighella, Carlinhos Marighella, Pastor Henrique Vieira, Sandra Fraga, da Fundação Oswaldo Cruz e do Cacique Pataxó José Fragoso, o MST realizou na tarde deste sábado (6), o ato de plantio de 2 mil árvores, lançando o Plano Nacional “Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis” do MST.

Entre as mudas plantadas por camponesas(es), indígenas, quilombolas e amigas(os) do MST, árvores do bioma Mata Atlântica em risco de extinção ganham destaque no Bosque Carlos Marighella, localizado na Escola Popular de Agroecologia e Agrofloresta Egídio Brunetto, Assentamento Jacy Rocha, Prado, no Extremo Sul da Bahia.

Entre as mudas, foram plantadas pau brasil (Paubrasilia enchinata), vinhático (Plathymenia reticulata), jequitibá branco (Cariniana estrellensis) e peroba nobre (Aspidosperma ilustre). Segundo Bárbara Loureiro, coordenadora do plano nacional, a ideia de plantar árvores homenageando Marighella durante a semana em que se completa 52 anos de sua morte, vem de encontro com a ideia de que “Marighella também é uma semente da nossa luta”.

Cuidados com a Casa Comum e COP26

A atividade também reuniu os povos e comunidades tradicionais nesse grande ato de resistência e cuidado com os bens comuns. “Esse debate sobre a importância do cuidado com a nossa água, com a nossa biodiversidade e com as nossas florestas precisa ser do conjunto da sociedade”, explicou Loureiro.

Crianças Sem Terrinha puxam a ação de plantio. Foto: Dielly Moreira

Neste contexto a nível global, contemporâneo ao evento, acontece a 26º Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2021 (COP26) no Reino Unido. Líderes de diversos países, durante a Conferência, discutem medidas de enfrentamento às mudanças climáticas que estão batendo na nossa porta.

“Nós nesse sentido apontamos que é importante a gente olhar para as mudanças climáticas fazendo parte do conjunto da crise ambiental, mas não são só”, argumentou Loureiro.

A coordenadora do plano, complementa indicando que há outros fatores que também afetam a crise ambiental, que vai de encontro com as formas em que está sendo travado esse debate: “É a nossa perspectiva de apontar que não é dali [COP26] que vão sair as saídas para esse enfrentamento, se não houver um reconhecimento também das iniciativas populares e dos apontamentos de que os povos também demandam. O nosso ato também se posiciona nesse sentido”, conclui.

Sementes e revoluções

Entre as personalidades presentes, o pastor Henrique Vieira saudou o MST, a resistência popular e a construção de um futuro de paz, justiça e de liberdade para o nosso país. “A energia que habita nessa terra, é uma energia de coragem, de afeto, de solidariedade, transformação radical e estrutural do nosso país”, declarou o pastor, trazendo a memória de Marighella, Zumbi, Dandara e muitas(os) outras(os) que deram a vida pela humanidade.

Maria Marighella durante o plantio de árvores. Foto: Dule Maria

Cacique Fragoso, representando as comunidades indígenas, falou do desejo de que as sementes plantadas se multipliquem. “Porque nós vivemos essa luta faz muito tempo, lá em nossa aldeia o trabalho que nós temos feito de reflorestamento, graças a Deus, está tendo um impacto tão grande, mostrando para as pessoas do que somos capazes. Neste momento, se cada um planta uma semente, a gente sabe o futuro de amanhã”, afirmou, preocupado com as futuras gerações que virão.

A neta do revolucionário baiano, Maria Marighella, fez um discurso emocionado falando do legado do avô, de luta, esperança e cultura no despertar das revoluções. “O que está acontecendo agora, é que nós estamos disputando a terra boa da democracia, a terra que é boa de plantar direito por justiça social. Lembrando que a democracia é um arado que a gente não pode deixar de disputar”, comentou sobre os 30 anos de disputa pela redemocratização do Brasil.

*Editado por Wesley Lima