Meio Ambiente

Juventude Sem Terra da região Sudeste promove escracho na sede da Bayer em Jacareí (SP)

Cerca de 100 jovens assentados(as) e acampados(as) ocuparam a sede da Bayer para denunciar o uso de agrotóxicos no Brasil
Foto: Acervo MST

Da Página do MST

A Bayer, uma das maiores empresas produtoras de agrotóxicos do mundo, importa para o Brasil substâncias que são proibidas em boa parte do mundo. No Brasil, pelo menos uma pessoa morre de envenenamento por agrotóxico a cada dois dias e cerca de 20% das mortes são de crianças, adolescentes e jovens de até 19 anos. O líder de vendas da empresa, Rundap, herbicida preparado à base de glifosato, já tem seu grau de risco à saúde humana e ambiental comprovados, como mostram estudos realizados.

O governo Bolsonaro está manchado com o veneno do agro, tendo liberado 1.629 novos agrotóxicos. Só na última semana, que marca a Semana do Meio Ambiente, foram 67 novos registros, todos com toxicidade classificada como “alto” ou “muito alto” o risco ao Meio Ambiente, segundo especialistas da área.

Paralelo à isso, o Projeto de Lei 6299/2002, também conhecido como pacote do veneno, segue tramitando no Senado Federal, depois de ter sido aprovado pela Câmara dos Deputados. Esse PL traz duras alterações na legislação atual, facilitando a venda e uso de substâncias altamente tóxicas para a vida humana e para a natureza.

Em contraponto, o Movimento Sem Terra por meio da sua juventude organizada na 13ª Jornada Nacional da Juventude Sem Terra, que levou como lema “Juventude em Luta, pela Terra e por Soberania”, e construiu uma série de ações em todo o território brasileiro promovendo denúncias dos impactos socioambientais do agronegócio, além das tarefas e desafios que a Juventude Sem Terra assume para o período que se chega.

Segundo Maurício Arante, do Coletivo de Juventude, “a ação de hoje expressa a força e a capacidade organizativa da juventude em torno da nossa pauta da Reforma Agrária Popular e também o intuito de denunciar os crimes ambientais do agronegócio e as mortes cometidas por envenenamento pelos agrotóxicos produzidos dentro dessa empresa. E tudo isso é reflexo de um longo processo formativo que o MST proporciona a juventude e que foi intensificado ainda mais nessa última semana com a nossa 13ª Jornada Nacional da Juventude Sem Terra”.

A juventude Sem Terra dos estados do Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo se mobilizou em torno do tema da questão ambiental. Com isso, construiu a ação de escracho à Bayer para demonstrar indignação sobre as várias formas de opressão e violência que o capital e o agronegócio impõe em nossas vidas, processos de identificação e denúncia desses agentes provocadores dessas violências. Essa ação fecha o ciclo de atividade da Jornada Nacional da Juventude, que iniciou no dia 01 de junho.

Para Raquel de Matos, do Coletivo de Juventude do MST Minas Gerais, “o ato de hoje foi uma atividade muito importante para o processo de finalização da Jornada da Juventude. Mostra pra gente que a juventude é força, organização e rebeldia. Ele só foi possível a partir do compromisso dessa juventude com o estudo, formação e a ação concreta. É essa juventude que tem o desafio de construir o trabalho de base nos assentamentos e acampamentos, esse processo de entender o problema e agir sobre ele”.

Essa ação denuncia, ainda, o descaso do governo Bolsonaro com a precarização da vida no Brasil. Essa semana o relatório do Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil (II VIGISAN) apontou que atualmente 33 milhões de pessoas passam fome no Brasil

A concentração de terras está matando o povo brasileiro de fome. O uso das terras no Brasil para produção de commodities e produtos agrícolas e exploração de minérios priva os trabalhadores e as trabalhadoras de terem o acesso à terra para produzir alimentos saudáveis. Além disso, o modelo de produção do capital baseado na monocultura com o uso exagerado de agrotóxicos, desmatamento, queimadas e contaminação não serve para o desenvolvimento da sociedade. Pelo contrário, está esgotando nossos recursos naturais e explorando mão de obra.

Frente a isso, o projeto de Reforma Agrária Popular que o Movimento Sem Terra vem construindo ao longo desses 38 anos é pela via da luta de classes. Pautamos a agroecologia como forma de organização do trabalho no campo e na formulação de uma outra relação entre homens, mulheres e natureza. Construímos a Soberania Alimentar para o combate à fome, cuidado com os bens comuns e outras relações humanas sem violências de gênero, de raça e etnia e sexualidade.

A juventude quer viver,  derrubar o presidente e ver o povo no poder!

Juventude em luta, Pela terra e soberania popular!

Fotos: Acervo MST

*Editado por Fernanda Alcântara