Intolerância Política

Movimento realiza vigília neste fim de semana, em memória do petista Marcelo Arruda e contra a violência política

Organizações populares acreditam que impunidade dos atos violentos pode desestabilizar processo eleitoral
Marcelo Arruda, militante do PT assassinado por bolsonarista em Foz do Iguaçu (PR) no último dia 09. Foto: Arquivo pessoal

Por Comunicação Movimento Brasil Popular

A partir desta quinta-feira (14) até domingo (17), diversas cidades do país participam da Vigília “Por nossos mortos, toda uma vida de luta”, em homenagem a Marcelo Arruda, militante do PT morto por um bolsonarista em Foz do Iguaçu (PR) no último dia 09. Marcelo foi tesoureiro do PT em Foz e candidato a vice-prefeito nas eleições de 2020. O militante foi morto a tiros em sua própria festa de aniversário que tinha o tema “Lula 2022”.

A mobilização vem sendo organizada pelo Movimento Brasil Popular, conjuntamente com outros movimentos populares, como o MST, Levante Popular da Juventude, Movimento dos Trabalhadores por Direitos (MTD), além de grupos religiosos e outras organizações da sociedade civil. A análise do movimento é de que “a violência política será um instrumento para incutir o medo na militância de esquerda e desestabilizar o processo eleitoral”.

Eliane Martins, dirigente nacional do Movimento Brasil Popular, explica que o ato é uma resposta organizada ao ódio. “Se o inimigo eleva o tom das ameaças, nós elevemos o grau da organização, da autoproteção de cada pessoa e de cada coletivo, portanto mais e mais organizando os Comitês Populares”, afirma.

Bolsonarismo intensifica ações violentas

Nesse cenário de intensificação da violência, incentivada desde 2018 pelo próprio Jair Bolsonaro (PP) e depois de ataques aos atos da pré-campanha de Luís Inácio Lula da Silva (PT), como do drone em Uberaba (MG), o lançamento de uma bomba caseira no Rio de Janeiro e a invasão de ato político por três infiltrados em um hotel em São Paulo; o Movimento Brasil Popular reafirma a importância de organizar mobilizações de massa que denunciem a violência e incentivem a tomada de decisão do órgãos competentes para garantir a segurança da população que deseja se manifestar durante o processo eleitoral.

Eliane relembra que a vigília é o momento de honrar a memória de luta de Marcelo e de tantas outras vítimas da violência política. “Realizemos juntos com diferentes coletividades um ato inter-religioso dedicado a honrar e celebrar a memória dos que perderam suas vidas na última semana e nos últimos meses, simplesmente porque lutaram pelo bom, pelo justo e pelo melhor do mundo”. 

Os atos ecumênicos devem acontecer nas principais capitais do país e também em cidades de médio porte. É possível saber datas, locais e horários de concentração das vigílias através do Instagram (@movimentobrasilpopular) do movimento. Para o público que deseja iniciar a mobilização da vigília em sua cidade, é possível entrar em contato com o movimento através do contato (11) 93090-4331.

Outras vítimas da violência política

Apesar da morte de Marcelo ter chocado o país na última semana, ele não é a primeira vítima de violência política na história recente. Em março de 2018, a vereadora Marielle Franco (PSOL) e o seu motorista Anderson Gomes foram executados, porque Marielle tinha uma importante atuação parlamentar voltada à denúncia das milícias do Rio de Janeiro. O policial reformado Ronnie Lessa, acusado de ser o autor dos disparos que mataram a vereadora do Psol, era vizinho do presidente Jair Bolsonaro; a filha de Lessa namorou um dos filhos de Bolsonaro, o caçula Jair Renan Bolsonaro e o cúmplice de Lessa na execução, o ex-PM Elcio de Vieira Queiroz, publicou uma imagem em que aparece lado a lado com Bolsonaro, em 4 de outubro de 2018.

Também em 2018, o mestre de capoeira Moa do Katendê, de 63 anos, foi assassinado a facadas por um bolsonarista após o primeiro turno das eleições por dizer que apoiava Fernando Haddad, então candidato do PT à presidência, em Salvador (BA). 

Em Balneário Camboriú (SC), Carlos Rodrigues Furtado, de 61 anos, morreu por uma parada cardíaca após uma série de socos e pontapés desferidos pelo apoiador de Jair Bolsonaro, Fábio Leandro Schwindlein, de 44 anos. 

Outros inúmeros casos de agressão e ameaças também foram registrados nesse período, como ataque à Caravana do Lula no Paraná em março de 2018; o atropelamento do cineasta Guilherme Daldin, que vestia uma camiseta com a imagem do ex-presidente Lula, por bolsonaristas em outubro de 2018; a invasão da Casa do Estudante em Curitiba (PR) por bolsonaristas armados também em outubro de 2018; a prisão e tortura do militante Rodrigo Pilha, em Brasília após pendurar uma faixa que chamava Bolsonaro de Genocida em março de 2021 e, também em Brasília, a agressão do juiz federal Renato Borelli, que deu a ordem de prisão do ex-ministro da educação Milton Ribeiro, acusado de corrupção e propinas no Ministério da Educação (MEC).

*Editado por Solange Engelmann