Eleições 2022

Lula reconhece importância do MST na produção de alimentos saudáveis

Em entrevista, exibida no Canal Rural na última quarta-feira (21), o candidato à presidência também afirmou que em seu governo assentou 700 mil famílias Sem Terra no país
Encontro de Lula com MST no Paraná, no assentamento Eli Vive. Fotos: Nacho Lemus

Da Página do MST

Na última quarta-feira (21), em entrevista no Canal Rural, o ex-presidente Lula (PT) voltou a defender o MST, como fez em entrevista ao Jornal Nacional da Rede Globo e reconheceu que os Sem Terra estão produzindo uma diversidade de alimentos saudáveis pelo país, nas áreas de reforma agrária.

“Hoje os Sem Terra estão preocupados em produzir, preocupados em organizar cooperativas, preocupados em, inclusive de chegar no mercado externo”, reconheceu Lula.

Desde o início da pandemia até o momento, por meio da Campanha Nacional de Solidariedade do MST, as famílias Sem Terra já doaram mais de 7 mil toneladas de alimentos, 10 mil cestas básicas, mais de 2 milhões de marmitas solidárias, para famílias em situação de vulnerabilidade e fome no país; Além dos alimentos produzidos para a subsistência das famílias, o abastecimento de feiras, a Rede de Armazém do Campo, com lojas em várias cidades e a comercialização para mercados locais, regionais e nacionais, além de produtos exportados para o exterior.

MST já compartilhou mais de 7 mil toneladas de alimentos com a população vulnerável durante a pandemia. Foto: MST AL

Lula também relembrou que em seu governo foram assentadas 700 mil famílias acampadas, criando vários assentamentos em latifúndios improdutivos pelo Brasil. “No nosso período de governo, nós disponibilizamos 52 milhões de hectares para assentamento de quase 700 mil famílias. E isso tudo tranquilo, fazendo com que o Estado pagasse aquela terra, porque assim está na constituição e assim que a gente faz”, disse ele.

E reafirmou o papel do Estado brasileiro em criar assentamentos em áreas improdutivas: “quando a terra é improdutiva e o Estado estabelece através do Incra [Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária] que ela é improdutiva, você paga para o proprietário da terra e faz os assentamentos”, apontou.

Desmatamento

Lula também falou sobre o desmatamento que vem crescendo no governo de Bolsonaro. Desmatamento na Terra Indígena Karipuna na Amazônia em Setembro de 2021. Área sendo queimada na Reserva Extrativista Jaci-Paraná, no município de Porto Velho, Rondônia. Foto: Christian Braga/Greenpeace

Outro tema que apareceu várias vezes na entrevista com Lula foi o problema do desmatamento que vem crescendo em números alarmantes no governo de Bolsonaro. Segundo ele, a Amazônia deve ser preservada em benefício do planeta.

“Eu sou um homem que acredito na Ciência. Eu acreditei quando ela disse que a gente tinha que tomar vacina e acredito quando ela diz que a Amazônia precisa ser preservada em benefício do planeta terra. Na Amazônia mora quase 30 milhões de pessoas, a gente tem Amazônia na Venezuela, no Equador, na Colômbia, no Peru e um pouco na Bolívia, nos temos que fazer uma acordo entre países, pra que a gente possa preservar e estudar, pesquisar, fazer com que aquilo seja um patrimônio do Brasil, mas que aquilo possa ser compartilhado, do ponto de vista da pesquisa com a ciência do mundo, pra saber o que a gente pode extrair da Amazônia em benefício da humanidade, em benefício do próprio Brasil. O que não é correto, é querer desmatar”, denunciou o ex-presidente.

Dados Mapbiomas apontam que o agronegócio foi responsável por 97% do desmatamento no Brasil em 2021, e na comparação com 2020 a devastação cresceu 20% em todos os biomas e se concentrou em fronteiras de expansão agropecuária. Entre os Biomas, a Amazônia ficou em primeiro lugar com 59% da área desmatada no período, em seguida vem o Cerrado com 30% e Caatinga com 7%.

Nesse sentido, preocupado com os altos índices de desmatamento e os impactos ao meio ambiente, Lula ressaltou em sua fala a necessidade da recuperação ambiental da floresta: “Tem 30 milhões de terras degradadas que nós temos que recuperar. Se tem que derrubar uma árvore, planta outra”, afirmou.

Ele também pontou que o país tem uma grande capacidade produtiva na agricultura, mas alertou que o modelo de produção agrícola precisa garantir a preservação dos Biomas e dos bens naturais.

“O Brasil tem um potencial agrícola invejável. Por isso, os empresários brasileiros precisam ter bastante juízo e discutir que tipo de agricultura que a gente quer: se a gente quer preservar os nossos biomas ou se a gente quer destruir. Eu quando era presidente tive uma briga porque tinha alguém que queria plantar cana-de-açúcar no Pantanal. E falava, não, o pantanal não é lugar de plantar cana-de-açúcar”, afirmou.

Famílias Sem Terra já plantaram mais de 4 milhões de árvores nativas. Foto: MST em MG 

Ao contrário do agronegócio campeão do desmatamento e da destruição ambiental no país, além de concentrar a terra, produzir commodities para exportar e espalhar a violência no campo, o MST vêm aliando a produção de alimentos à recuperação ambiental e a partir do lançamento o Plano Nacional Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis em 2020, as famílias Sem Terra já plantaram mais de 4 milhões de árvores nativas para a preservação das áreas em locais onde vivem e trabalham, cultivando a natureza e produzindo alimentos saudáveis, livres de venenos. A meta do plano é alcançar o plantio de 100 milhões de árvores.

*Editado por Fernanda Alcântara