Educação do Campo

No Ceará, MST conquista cursos técnicos para Escola do Campo

Os cursos têm como objetivo profissionalizar tecnicamente a juventude camponesa, destacando as potencialidades
Ao todo serão três turmas que contemplarão 100 educandos oriundos de assentamentos da Reforma Agrária e egressos das Escolas do Campo. Foto: Comunicação MST

Por Aline Oliveira
Da Página do MST

Durante essa semana, de 17 a 21/10, as escolas de ensino médio do campo Francisco Araújo Barros, localizada no assentamento Lagoa do Mineiro, em Itarema e a escola João dos Santos de Oliveira, no assentamento 25 de Maio, em Madalena, no Ceará recebem as primeiras aulas dos cursos técnicos em Agroecologia e Administração.

O curso é uma conquista das famílias assentadas do MST e conta com realização da Secretária de Educação do estado do Ceará (SEDUC), por intermédio das Coordenadorias da Diversidade e Inclusão Educacional (Codin) e de Educação Profissional (Coedp). As três turmas contemplarão 100 educandos oriundos de assentamentos de Reforma Agrária e egressos das Escolas do Campo.

“A luta do MST na construção da Reforma Agrária Popular no estado do Ceará vem avançado na organização da produção com as agroindústrias, com as cooperativas regionais, com o fortalecimento da organização da produção da nossa base assentada e acampada e a necessidade de formar técnicos e técnicas em agroecologia e administração, com ênfase nas organizações sociais é uma reivindicação do MST desde 2015, e que agora com muita alegria estamos concretizando. O nosso desafio com as turmas é de garantir a nossa organização da produção, da gestão das comunidades, nós precisamos abastecer nossas agroindústrias e pra isso precisamos de conhecimento, de uma base técnica comprometida com a agroecologia, comprometida com a Reforma agrária”, afirma Maria de Jesus dos Santos, da direção estadual do Setor de Educação do MST e da Coordenação Política Pedagógica dos Cursos Técnicos.

Escola João dos Santos. Foto: Comunicação MST

Patrícia Neto, Assessora Técnica da Educação do Campo da SEDUC destaca a iniciativa da secretaria de educação a partir das demandas apresentadas pelos gestores das escolas do campo e o setor de educação do MST. “Visando assegurar a formação e o aperfeiçoamento técnico dos estudantes egressos das escolas de ensino médio residente na zona rural e em áreas de assentamento da Reforma Agrária acolheu a demanda por cursos técnicos profissionalizantes. São dois cursos técnicos a serem ofertados, estes cursos tem como objetivo profissionalizar tecnicamente a juventude camponesa, destacando as potencialidades transformadoras do associativismo e cooperativismo, a intenção principal desta iniciativa é que se inaugure uma política de profissionalização dos jovens do campo diferenciada fundamentada na escuta das reais demandas, necessidades e interesses dessas populações. A expectativa da secretaria é que se tenha uma expansão da oferta de cursos para as dez Escolas do Campo em áreas de assentamentos da Reforma Agrária que hoje fazem parte da rede estadual de ensino do Ceará”.

“É muito importante os cursos técnicos nas Escolas do Campo para fortalecer o debate da produção agroecológica, da alimentação saudável junto as comunidades. O curso vem fortalecer e ampliar, beneficiar as famílias, a comercialização, organização dos núcleos produtivos e partir desse fortalecimento, garantir a permanência da nossa juventude no campo, pois esta tem sido disputada cotidianamente pelo capital”, relata Francisco De Assis, jovem do assentamento Nova Conquista no município de Amontada-CE, educando da turma de agroecologia da escola Francisco Araújo Barros.

Jesus ressalta ainda a o processo de organização dos cursos e a importância dos conteúdos no fortalecimento da agricultura familiar camponesa. “Os cursos de agroecologia e administração foram idealizados pelo setor de educação do MST, com colaboração de vários setores do movimento e de professores de universidades parceiras. A educação profissional é fundamental para os movimentos populares do campo para resistência, os nossos cursos tem ênfase no bioma caatinga, na convivência com o semiárido, para nós é de fundamental importância esse conhecimento a serviço do projeto da classe trabalhadora camponesa, da Reforma Agrária Popular”.

Foto: Comunicação MST

O Curso técnico em Agroecologia se realizará na modalidade presencial em regime de alternância e/ou concomitante, com carga horária de 1.200 horas. E tem como objetivo promover a formação técnica em agroecologia na perspectiva do fortalecimento da organização nos territórios camponeses.

O curso técnico em Administração também se realizará em modalidade presencial, em regime de alternância e/ou concomitante, com carga horária de 1.000 horas, com objetivo de construir uma gestão cooperativa das organizações sociais, com foco nas agroindústrias camponesas.

*Editado por Solange Engelmann