MST na Posse

O encontro de gerações em busca de um mesmo propósito: a Reforma Agrária Popular

Confira histórias que se cruzam hoje em Brasília na Posse do Presidente Lula
Foto: Adolar Acácio

Por João Victor calegari, Júlia Ferrarezi e Thamara Dias
Da Página do MST

Entre os dias 30 de dezembro de 2022 e 1° de janeiro de 2023, centenas de milhares de brasileiros concentram-se em Brasília para acompanhar a posse do presidente Luís Inácio Lula da Silva. No Estádio Nacional Mané Garrincha, na Asa Norte de Brasília, onde ocorre o Acampamento dos Movimentos Populares, encontramos com duas temporalidades da luta em defesa da democracia e pela Reforma Agrária Popular.

Francisco Martins, militante do MST, de 41 anos, veio do Rio Grande do Norte, direto para Brasília. Na viagem de mais de 2.300km entre Carnaubais (RN) e a capital federal, foi acompanhado de um companheiro do estado. “Eu vim com a cara e a coragem”, comenta Seu Francisco, que queria estar presente nesse momento de mudança do nosso país.

Francisco Martins. Foto: MST na Posse

O potiguar votou pela primeira vez em 1998, e se lembra bem: o voto foi em Lula, que naquele momento representava a humildade e os valores que guiavam a sua vida. “Na nossa cidade fazemos campanha para ajudar as comunidades carentes, tem muita gente sem emprego. Na cidade tem apenas uma fábrica”, explicou.

Esse desejo de ajudar os outros fez com que Francisco fosse candidato a Deputado Estadual, pelo Partido dos Trabalhadores, em 2018. A campanha foi em meio a crise e crescimento do bolsonarismo, mas não teve recuo. Todas as redes sociais e recursos à disposição foram utilizados em busca de votos para o candidato e para Fernando Haddad, que concorreu à presidência por conta da prisão indevida de Lula. Mesmo sem ser eleito, Francisco seguiu na luta e resistência em seu município.

A memória, amiga daqueles que buscam no passado forças para lutar por um grande futuro, não falha ao dizer que os momentos de maior felicidade do assentado foram quando ele viu Lula na campanha de 2002 em Natal (RN), e a subida do presidente a rampa, em 2003, após a vitória com mais de 52 milhões de votos. 

Hoje, vinte anos depois, após todo o histórico do golpe institucional, os tempos sombrios de fascismo bolsonarista, a prisão ilegal de mais de 500 dias de Lula que resultaram em muita luta e resistência, os brasileiros elegeram para terceiro mandato o candidato petista com mais de 60 milhões de votos, superando todos os números de eleições desde de 1989. Esses foram motivos que Francisco alegou ao ser perguntado sobre o seu motivo de percorrer tantos quilômetros para ver a posse em 2022.

Juventude com Lula

Camila Dias, de 20 anos, veio de Goiânia, estado de Goiás, para acompanhar um dos momentos mais esperados dos últimos tempos. Desde criança tem sua história marcada pela força da coletividade compartilhada pelo MST. Ainda com 12 anos participou com a sua família da ocupação de Santa Mônica, no município de Corumbá (GO) e relembra os momentos de esperança e tensão. O rompimento das cercas representaram para ela, naquele momento e em toda a sua construção, o esperançar da luta coletiva. 

Camila Dias. Foto: MST na Posse

A jovem votou pela primeira vez em Lula, em 2022, e conta com um notável alívio ao votar em um representante que segundo ela “é um facilitador da luta popular”. Afirma que, embora sinta alívio, sabe que é preciso continuar lutando por todas as pautas que defende. Define esse sentimento como uma  “grande gratidão e intensa luta para os próximos anos”. 

Para ela, estar presente na posse do presidente Lula, dia 01 de janeiro representa um  misto de sentimentos: “estou muito ansiosa, mas também com medo. É um cenário muito tenso, não sabemos o que pode acontecer. É isso, estou com medo, mas muito ansiosa e feliz”.

Embora gerações separem os dois militantes, o horizonte de luta e ideias faz com que o compartilhamento da vida seja próspero e esperançoso. A proteção do Lula e da família desejada pelo Seu Francisco, assim como a volta da cultura, junto com o esperançar em verbo de luta da Camila fazem os desejos de um próspero ano novo se multipliquem por todo o acampamento e tornam a luta sem terra uma luta de todos. 

*Editado por Fernanda Alcântara