Comemoração

Assentamento Emergencial “8 de Março” completa 15 anos, em São Paulo

A ocupação da Fazenda Can-Can, emRiversul, teve participação ativa das mulheres Sem Terra, em 8 de março de 2008
Foto: MST São Paulo

Por Coletivo de Comunicação do MST em São Paulo
Da Página do MST

Nos marcos da Jornada Nacional de Luta das Mulheres, trabalhadoras a trabalhadores Sem Terra comemoram 15 anos do Assentamento Emergencial “8 de Março”, no município de Riversul, região Sudoeste de São Paulo. A ocupação da Fazenda Can-Can, teve participação ativa das mulheres Sem Terra, em 8 de março de 2008. A ocupação da área de 685 hectares griladas, que, até então, estava sob posse do Grupo Bodepan/Bergamini, grupo de latifundiários grileiros da região.

Desde lá, as famílias ocupam a área que foi destinada pela Universidade de São Paulo (USP) para a Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo (ITESP), em 21 de outubro de 2010, a partir do decreto 55.775, de 9 de dezembro de 2008, assinado pelo então governador José Serra e reafirmada em cerimônia realizada em 14 de fevereiro no Palácio dos Bandeirantes, onde o então governador Geraldo Alckmin assinou a permuta das áreas entre USP e ITESP.

Foto: MST SP

Angela Santos, assentada no 8 de Março, explica, “somos em 23 famílias acampadas há 15 anos. 15 anos de muita luta resistindo desde as ameaças dos latifundiários até o descaso das autoridades públicas. Na falta água, estradas, saneamento básico. Estamos agora no processo de assentamento provisório, mas ainda lutando para que seja feito o assentamento definitivo, para que possamos continuar a produzir mais alimentos e garantir uma vida melhor para a nossa família”.

Ainda que a situação não esteja resolvida em favor das famílias, há conquistas para comemorar, a começar pela disposição das famílias Sem Terra em permanecerem mobilizadas em torno da luta Reforma Agrária, que ainda aguarda o Estado homologar o assentamento e arrecadar o restante das terras públicas para a Reforma Agrária. As famílias também lutam por melhores condições de vida e de trabalho na área.

Em 2012, 23 famílias foram cadastradas com a possibilidade de serem assentadas nas áreas reivindicadas. Porém, só em outubro de 2018, através da Portaria 110, foram reconhecidas como “pré-assentadas”, com a posse de 111 hectares. 

Fotos: MST SP

Um dos avanços importantes para a organização e resistência das famílias é a comercialização de alimentos saudáveis por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e a organização do coletivo para a produção de grãos orgânicos por meio da cooperação.

As famílias seguem resistindo através da produção de alimentos e da luta pelas pautas coletivas. Um exemplo disso foi a participação de algumas mulheres assentadas neste assentamento, em reuniões com a Diretoria Executiva da Fundação ITESP e com a Superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) em São Paulo, no dia 08, para dialogar sobre as pautas das mulheres Sem Terra e reivindicar celeridade no processo de arrecadação das terras públicas, renegociação de dívidas e políticas públicas.

Como lembra Adalberto Oliveira, militante do MST e assentado em Riversul, sobre os 15 anos do Assentamento Emergencial “8 de Março” e ressalta a importância da resistência das famílias na implementação da área e efetivação da regulamentação como assentamento. “São 15 anos de muita luta em defesa das terras públicas. Ressaltamos a necessidade da efetivação do assentamento, bem como a arrecadação das áreas que faltam e o acesso aos créditos para que as famílias sigam produzindo alimentos para o combate à fome e a geração de renda para as famílias. Necessitamos uma ação conjunta do Estado para isso, tanto o governo de São Paulo, por meio do ITESP, na arrecadação de toda a área e o governo federal para implementar as políticas públicas”.

*Editado por Solange Engelmann