Balanço Inicial

“A concentração de terra é o maior crime do nosso país”, afirma dirigente do MST

Durante transmissão ao vivo, Lucinéia Durães e Aldenir Gomes, ambos do MST, comentam primeiro dia de lutas da Jornada Nacional
Fotos: Arquivo MST

Por Wesley Lima
Da Página do MST

Após um dia de mobilizações em 18 estados brasileiros, os dirigentes nacionais do MST, Lucinéia Durães e Aldenir Gomes, participaram de uma transmissão ao vivo no instagram do Movimento (@movimentosemterra) com o objetivo de apresentar um balanço político e numérico das ações do dia. 

Além disso, destacaram a importância da Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária, que teve início nesta segunda-feira (17) e se estende até quinta-feira (20), com ocupações de terras, marchas, vigílias, ações de solidariedade e a realização de  acampamentos pedagógicos de formação, envolvendo as famílias assentadas e acampadas das cinco regiões do país. Neste ano, a Jornada traz o lema “Contra a fome e a escravidão: por Terra, Democracia e Meio Ambiente!”. 

Aldenir Gomes, do estado do Maranhão, explica que a Jornada de Lutas é um instrumento de memória, denunciando a violência do Estado e do latifúndio, e de reivindicação, pois é uma ferramenta para pautar a Reforma Agrária, com ênfase para desapropriação de terras e garantia de políticas públicas no campo, como crédito para produção, saúde, educação, entre outros direitos básicos. 

“Estamos com várias atividades em todo o Brasil. Tem vigília, audiências públicas, ocupação de terra, doação de alimentos, plantio de árvores e atividades de formação nos quatro cantos do nosso país. É extremamente simbólica a data de hoje. Não apenas pela memória dos companheiros e companheiras que tombaram em Carajás, mas também, por que a nossa Jornada nos projeta para os 40 anos do Movimento Sem Terra”, destacou. 

Balanço parcial

Até o final desta última segunda-feira (17), o MST realizou 9 ocupações de terra, 8 delas em Pernambuco e 1 no Espírito Santo; atividades diversas em 12 sedes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), localizadas nos seguintes estados: Maranhão, Rio Grande do Norte, Ceará, Sergipe, Paraíba, Mato Grosso, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Brasília; 1 Marcha Estadual em Defesa da Reforma Agrária na Paraíba; ações de solidariedade no Paraná e na Bahia; e o plantio de árvores no Pará, em Alagoas e São Paulo. 

Para Lucineia Durães, da Bahia, as lutas deste do dia demarcam a necessidade de construir um processo amplo de democratização da terra. Ela explica que é impossível democratizar o acesso à terra sem a construção de ocupações, “a ocupação é uma forma de pressionar para que a lei seja cumprida e é uma forma de denunciar o latifúndio. A concentração de terra é o maior crime do nosso país”, argumentou.

“A nossa luta é pela terra e é em defesa do Meio Ambiente. O nosso lema é para denunciar a escravidão, porque a luta pela terra é uma luta por reparação e povo preto preto precisa de reparação. Para nós do MST, democratizar a terra é uma forma de garantir a democratização do alimento. E por isso, não haverá silêncio, enquanto não houver justiça aos nossos mártires. E justiça aos mártires é a Reforma Agrária Popular na mesa da população.”

Acompanhe o debate na íntegra AQUI.