Juventude Sem Terra

Assentamento Conquista na Fronteira recebe 3ª etapa da Brigada Oziel Alves – Sul, em SC

Mais de 60 educandas/as estão reunidos desde o dia 25/09 até o dia 05/10, em Dionísio Cerqueira
Foto: Juliana Adriano MST em Santa Catarina

Por Juliana Barbosa, do MST no Paraná
Da Página do MST

A 3ª etapa da Brigada Nacional Oziel Alves está sendo realizada entre os dias 25 de setembro a 5 de outubro no assentamento Conquista na Fronteira em Dionísio Cerqueira, em Santa Catarina. O encontro conta com 60 militantes de diversos acampamentos e assentamentos dos 3 estados da região Sul  – Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul.

O assentamento onde está sendo realizada a etapa é um dos mais antigos do Movimento no país. Com 35 anos e com mais de 40 famílias, a comunidade é exemplo de trabalho coletivo na produção de alimentos e na geração de renda. Fundada em 1990, dois anos depois da conquista do assentamento, a Cooperunião é uma Cooperativa de Produção Agropecuária (CPA), um exemplo de organização dos agricultores Sem Terra. Mais do que isso, é a prova viva de que a Reforma Agrária pode garantir alimentação saudável, renda e desenvolvimento tanto para os assentados quanto para as comunidades. 

“Além do nosso trabalho de cooperação aqui no estado eu acho que somos a maior propaganda de Reforma Agrária, recebemos muitas visitas, fazemos diversos debates como o da luta pela terra, ocupamos um papel importantíssimo que é o da divulgação do nosso projeto de Reforma Agrária”, relata Irma Brunetto, da direção estadual do MST em SC.

Gilson Vieira nasceu no assentamento e hoje faz Licenciatura em História pelo PRONERA no IEJC (Instituto Josué de Castro) num assentamento do MST no RS, faz parte da coordenação política pedagógica da Brigada Oziel Alves e relata a experiência que a comunidade está tendo em receber os brigadistas:

A comunidade se organizou com a estrutura e com a participação para conhecer a Brigada Oziel Alves que está sendo um importante processo de formação da nossa militância. A brigada leva como uma grande experiência essa troca de conhecer um espaço de cooperativa que desde sua origem está trabalhando sua cooperação. O assentamento é fruto de uma das principais ocupações no estado, uma das primeiras ocupações, acontecida em 1985. Já em 1988 a área onde esta o assentamento então carrega essa origem do MST. Para os brigadista que estão aqui isso é valoroso”

relatou Gilson Vieira

Fotos: Juliana Barbosa MST no PR

Plantio de árvores

Também foi realizado um debate sobre o Plano Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis, a partir do mutirão de plantio de 1.000 mudas de erva mate e outras 200 nativas no assentamento. O mutirão foi organizado pelo assentamento e pela turma da brigada. O momento estava na grade da etapa como momento de formação e fez parte do Plano Nacional do MST Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis. 

O plano tem como objetivo plantar 100 milhões de árvores em 10 anos para contribuir na recuperação das nossas matas e o cuidado com a natureza. “Estamos em uma missão grandiosa da nossa organização do ponto de vista não só de preservação, mas também da construção histórica do nosso movimento que é o plantio de árvores e a produção de alimentos saudáveis”, disse Álvaro Santim, da coordenação estadual do MST em Santa Catarina. 

Cerca de 80 pessoas participaram do mutirão, entre educandos da brigada e moradores do assentamento, para realizar o plantio das árvores plantadas. O plantio de erva mate tem um significado grande para o assentamento e a cooperativa, pois é um dos produtos “carro-chefe” da produção dos agricultores; mais de 85 mil kg de erva mate são colhidas por ano na comunidade, o que gera renda para as famílias. 

A erva mate como um sistema que nesse assentamento coletivo em toda sua história tem preservado o meio ambiente, além de uma atividade cultural e econômica. “É uma mensagem que o MST também traz e leva para o conjunto da sociedade: se nós não cuidarmos de nós natureza, de nós vida, nós terra, nós água, então a nossa existência está comprometida” relata Álvaro. 

Temas da 3ª etapa 

Nesta etapa, diversos temas estão sendo trabalhados de forma articulada em eixos; no eixo da Cultura, foram debatidos tema como Hegemonia, Indústria Cultural e Agronegócio, o que fez a turma refletir sobre a forma como o capital atua ideologicamente na sociedade por meio da construção da hegemonia cultural. A Agitação e Propaganda, Cultura, Política e Batalha das Ideias foram trabalhados em suas dimensões teóricas e práticas.

No eixo da Geopolítica e Internacionalismo, os temas foram Geopolítica da América Latina, Internacionalismo e solidariedade de Classe na América Latina e no mundo; Em torno do eixo da Reforma Agrária Popular, que vem sendo debatida em todas as etapas, foram colocados temas de Questão Racial e a Reforma Agrária Popular; o eixo da Cooperação se fez presente a partir dos vários momentos que tivemos com a cooperativa e a comunidade do assentamento. 

Além desses temas teóricos e muito abordados pelos facilitadores, a turma teve oficinas práticas ligadas ao eixo da AgitProp como fotografia, audiovisual, design, muralismo, lambe lambe, stencil, estandarte e faixas. 

“Nesta fase da caminhada, em que já se passaram duas etapas de estudo e vivência, nos aproximamos do debate ideológico, seja para entender como o capital e a burguesia atuam na formação de nossa forma de pensar, e também sobre o que pensamos, seja para enfrentarmos as manipulações culturais para tornar hegemônico nosso projeto de sociedade. E para isso temos muitos desafios, como trazer o debate e também o fazer prático, para nos capacitarmos para trabalhar com nossa base, denunciar o agronegócio por meio da agitação e também fazer propaganda de nosso projeto de Reforma Agrária Popular”, disse Vanessa Borges, integrante do MST/RS e da CPP da Brigada Nacional Oziel Alves.

“Outro elemento presente foi a geopolítica e o internacionalismo compreender que o capital globalizado não reconhece fronteiras e como nós, enquanto classe trabalhadora também não devemos nos pautar somente pelas lutas nacionais. O internacionalismo é um princípio fundador de nosso movimento, e nesta etapa pudemos conhecer um pouco mais de como esse princípio veio se construindo e se concretizando em nosso fazer político, e como ele atua de forma significativa na formação e nossa militância”, finalizou Vanessa.

Confira algumas fotos:

*Editado por Fernanda Alcântara