Ameaça de Despejo
Ameaça de Despejo no acampamento Camaragibe (PE) compromete produção agroecológica
![](https://mst.org.br/wp-content/uploads/2023/10/acampamento-PE-2.jpg)
Por Francisco Terto
Da Página do MST
No coração de São Joaquim do Monte, Pernambuco, uma comunidade de luta enfrenta um futuro incerto. O Acampamento Camaragibe, um bastião de produção agroecológica, está sob ameaça de despejo. Hoje, 18 de outubro, marca o dia importante dessa batalha pela terra e justiça .
A área foi ocupada pelas famílias Sem Terra em 2009, quando era uma fazenda improdutiva e que não cumpria a função social da terra. O proprietário, conhecido popularmente como “João do Confeito”, era um latifundiário e figura famosa em um esquema de sonegação de impostos, envolvendo cifras milionárias, e sua dívida com os cofres públicos era gigantesca.
Na mesma época houve despejo das famílias Sem Terra do Camaragibe, um golpe que exigiu uma resposta. A reocupação da terra tornou-se uma necessidade, pois o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e o Instituto de Terras e Reforma Agrária de Pernambuco (ITERPE) realizaram vistorias técnicas e concluíram que a fazenda permanecia improdutiva. Diante disso, o INCRA iniciou o processo de adjudicação das terras, argumentando a justificativa do fator de improdutividade e a sonegação de impostos massiva.
![](https://mst.org.br/wp-content/uploads/2023/10/acampamento-PE-1-1024x768.jpg)
Vale ressaltar que, devido às dívidas do Sr. João com impostos, o governo queria pegar a terra não pegando ela diretamente, mas tirando ela pra quitar o que o cara devia ao governo, aí sim, pra dar uma destinação à área na linha da reforma agrária.
A comunidade Camaragibe é o melhor lugar do mundo para viver em São Joaquim”
– Dona Josefa dos Santos, Sem Terra do acampamento
Hoje, no acampamento Camaragibe, 70 famílias dedicam-se à produção de alimentos saudáveis. Macaxeira, batata, milho, mamão, limão, coco, maracujá e diversas outras frutas crescem no solo agroecológico. Além disso, essas famílias mantêm a criação de gado, carneiros, galinhas caipiras e bodes, com um compromisso sólido com práticas sustentáveis. Mesmo sem receber o título oficial de assentamento, os Sem Terra produzem e se organizam com terrenos divididos, casas feitas de tijolo e um forte senso de comunidade.
![](https://mst.org.br/wp-content/uploads/2023/10/acampamento-PE-4.jpg)
É nesse contexto que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) convoca a sociedade para unir-se na defesa dos Sem Terra do Camaragibe. A luta é por alimentos saudáveis, destinados ao município de São Joaquim do Monte e às demais localidades da região agreste. Não se trata apenas de uma questão de terra, mas de justiça.
O MST em Pernambuco segue na luta para que o despejo seja cancelado hoje (18), durante audiência marcada no fórum de São Joaquim do Monte. É um momento importante na batalha por terra e justiça, onde a comunidade luta para garantir seu direito à plantar comida saudável e ter um lugar seguro pra viver.
*Editado por Fernanda Alcântara