Justiça

Famílias do MST em Pernambuco protestam por justiça e Reforma Agrária

Em importante ato de resistência, as famílias acampadas do MST em PE demandam justiça para o assassinato de Josimar e lutam pela desapropriação de áreas improdutivas em Vitória de Santo Antão e Amaraji, reafirmando a urgência da reforma agrária
Manifestação em Recife pediu justiça para Josimar, Sem Terra assassinado no acampamento São Francisco. Foto: Pedro Stropasolas

Por Hanyelle Ohane
Da Página do MST

Nesta segunda-feira (13/11), cerca de 300 pessoas concentraram-se na frente da Escola Judicial de Pernambuco (ESMAPE), em Recife/PE. No local, ocorria a audiência entre o Ministério Público de Pernambuco (MPE-PE), a Superintendência Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra-PE), e a Usina JB, para discutir a situação das áreas não produtivas em Amaraji e Vitória de Santo Antão.

Em um ato unificado, as famílias agricultoras também protestaram, exigindo respostas e justiça pelo companheiro Josimar da Silva Pereira, morto alvejado por arma de fogo nas primeiras horas da manhã de 05/11/2023, enquanto se dirigia para o acampamento Francisco de Assis, onde residia, para cumprir a tarefa de irrigação do plantio de arroz na cidade de Vitória de Santo Antão/PE.

Josimar tinha 30 anos e o sonho de conquistar a terra. Lutava ao lado dos companheiros acampados pela desapropriação do Engenho São Francisco, uma luta que já dura mais de 29 anos, com 16 despejos ocorridos.

Fotos: Poliana Souza

O acampamento Francisco de Assis é um dos mais antigos do estado de Pernambuco, e cerca de 194 famílias vivem uma rotina de medos e ameaças.

Atualmente, o acampamento está na comissão de conflitos agrários, com a coordenação do acampamento sendo acompanhada pelo programa estadual de proteção e defesa de defensores dos direitos humanos devido às graves violações que ocorrem na área.

Após muita luta, o Engenho São Francisco ficou entre as áreas prioritárias de desapropriação. Na vistoria realizada pelo INCRA, constatou-se que a área não cumpre a função social da terra, e a Constituição Federal declara que áreas nessa situação devem ser destinadas à reforma agrária.

O MST recusou-se a participar da audiência e da mesa de negociação com representantes da usina. Durante a reunião, acordou-se a desapropriação das áreas localizadas em Amaraji, totalizando 1,4 mil hectares, para assentar as famílias acampadas lá. Uma vitória para o povo sem terra.

Agora, a luta pela desapropriação do Engenho São Francisco continua. Ainda hoje (14/11), o MST em PE se reunirá com o INCRA para que a Constituição Federal seja cumprida e ocorra a desapropriação do Engenho São Francisco para fins de Reforma Agrária.

*Editado por Fernanda Alcântara