MST no Carnaval

MST realiza 3º curso de Carnaval e desfila com a Leões da Mocidade, em Curitiba

Curso aconteceu em Curitiba e reforçou parceria com Leões da Mocidade, contando com 25 educandos e educandas de áreas da reforma agrária do PR e RS 
Turma da Unidos da Lona Preta-PR com Leões da Mocidade no final do desfile. Foto: Leonardo Henrique

Por Juliana Barbosa e Igor de Nadai, do setor de Comunicação e Cultura MST no PR 
Da Página do MST

Durante as duas semanas que antecederam o Carnaval, a juventude do MST no interior do PR se reuniu em Curitiba para a terceira edição do curso “MST no Carnaval”. O curso teve início no dia 29 de janeiro, com a chegada dos 25 educandos de diversas áreas do Estado, e terminou no dia 13 de fevereiro, com um belo e vitorioso desfile realizado junto à escola Leões da Mocidade.

O curso tem como objetivo promover atividades de vivência cultural com as escolas de samba, formação política e oficinas práticas em diversos instrumentos musicais, especialmente em percussão de samba enredo. Além disso, neste ano, o curso entra também como preparação para o 7o Congresso Nacional do MST, nos marcos dos 40 anos do MST. Ainda, como parte da programação, há o intercâmbio da turma com comunidades urbanas vivendo em situação de ocupações nas periferias da cidade. “O trabalho com o coletivo da Unidos da Lona Preta sempre foi inspirado nas escolas de samba e nos coletivos culturais de luta popular. O curso propicia uma atividade de formação extremamente rica para a juventude, considerando estudo teórico, imersão na riqueza e profundidade do conhecimento acumulado pelas escolas de samba e oficinas de música popular, que buscam estimular a formação de grupos musicais e percussivos nas comunidades de reforma agrária”, ressalta Igor De Nadai, do coletivo de cultura do MST. Nesta edição, foram realizadas diversas oficinas de música, entre elas a de pandeiro e de cuíca.

Oficina de Cuíca. Foto: Jaber Marçal 
Oficina de canto. Foto: Leonardo Henrique 
Formação teórica. Foto: Renan Spagnol 
Oficina de Pandeiro. Foto: Jaber Marçal 

União Campo e Cidade 

A relação do MST com o carnaval de Curitiba começou em 2019, quando alguns militantes do Movimento, junto a famílias de ocupações urbanas da capital, participaram da construção das alegorias e do desfile junto à escola de samba Leões da Mocidade. No ano seguinte, o Movimento deu um passo e realizou a primeira edição do curso, com duração de 22 dias, em que se aliou a dimensão do estudo teórico e político à formação técnica (bateria, confecção de alegorias e fantasias), além da vivência de participar do desfile e da escola de samba como um todo.

“É uma parceria que vem dando certo algo que muito me orgulha de poder tá trabalhando com o Movimento Sem Terra com pessoas que nunca tinha participado do carnaval que se somam com a gente e fica um trabalho lindo É uma parceria que deu certíssimo e se depender de mim só vai aumentar”, relata Sesóstris Filipe mestre da bateria Bafo de Leões da Escola de samba Leões da Mocidade. 

Sesostris Filipe mestre da bateria. Foto Juliana Barbosa 
Ensaio.  Foto: Juliana Barbosa 
Avenida. Foto: Leonardo Henrique 

MST atravessa a passarela do samba

O calafrio pelo corpo, o som do coração a pulsar e os olhos vidrados no temporizador que marca a contagem regressiva de 50 minutos para a escola entrar e, neste curto espaço de tempo, mostrar todo o trabalho e dedicação de um ano inteiro. Depois de duas semanas de curso, a turma da Unidos da Lona Preta entra na avenida junto à escola de samba Leões da Mocidade e seus mais de 300 componentes.

Este ano a escola trouxe uma homenagem ao centenário de Waldir Azevedo, grande cavaquinista e compositor brasileiro, e foi campeã do grupo de acesso do carnaval curitibano, e assim, em 2025, volta a desfilar na categoria especial do carnaval curitibano.

Foto: Leonardo Henrique 
Foto: Leonardo Henrique 

Ericka Raiane é uma dessas jovens que se somaram à escola durante o Curso de Carnaval. Vinda do acampamento Zilda Arns, de Florestópolis/PR, a educanda participou das aulas teóricas, oficinas de música, e ainda ajudou na construção das fantasias e dos carros alegóricos, além de ser ritmista na ala de caixas na bateria. “Pra mim foi muito gratificante estar aqui participando com o pessoal da Unidos da Lona Preta, foi muito bom participar das formações, muito gratificante poder fazer as fantasias e os carros alegóricos. Sempre quis saber como funcionava o carnaval e aprendi muito, fiquei muito feliz pelo que eu construí”, comenta Raiane. “E ver as pessoas vestindo as fantasias que eu ajudei a fazer foi maravilhoso, tocar na avenida foi inesperado, nunca imaginei vestir uma fantasia e tocar no carnaval. A hora que pisei na avenida e vi todos olhando deu um calafrio na barriga, deu vontade de chorar, foi uma emoção muito grande e foi arrepiante”, relata a companheira.

Educanda Ericka Raiane no ateliê. Foto: Juliana Barbosa/ MST no PR 
Espaço de formação. Foto: Juliana Barbosa/ MST no PR 

Além da relação com as escolas de samba, o curso tem como objetivo a construção com a classe trabalhadora urbana. Como parte da programação do curso, a turma visitou a Vigília Pela Vida, uma manifestação de luta e resistência das famílias da comunidade Tiradentes II, organizada pelo Movimento Popular por Moradia na Cidade Industrial de Curitiba. A visita se estendeu durante uma manhã toda, os educandos visitaram a comunidade e conheceram a história das famílias que lutam para não serem despejadas, há mais de 100 dias acampam em frente à empresa de lixo Essencis e reivindicam seu direito à moradia.

Visita na Comunidade Tiradente ll Fotos: Juliana Barbosa 

Visita na Comunidade Tiradente ll. Foto Leonardo Henrique 

MST 40 anos Rumo a Congresso Nacional 

No marco dos 40 anos do MST, completados em janeiro deste ano, o curso teve também como objetivo resgatar a memória dos 40 anos do MST e se preparar para o 7º Congresso Nacional que acontecerá em julho de 2024. O trabalho com a Unidos é permanente durante todo o ano, acompanhando as diversas lutas do MST e realizando oficinas de percussão nas escolas, cursos e acampamentos do Movimento, além da composição e gravação de sambas-enredos.

*Editado por Fernanda Alcântara