Editora e Livraria Expressão Popular completam 20 anos na batalha do saber
Por Maura Silva
Da Página do MST
O ano era 1999, período de ascensão do neoliberalismo e de suas consequências para todo o mundo. Em meio ao recuo político e o aumento da desigualdade social em todo país nasce a Livraria e Editora Expressão Popular.
A editora surge através de uma rearticulação de movimentos populares que viam na formação política e literária a saída para reconstrução da classe trabalhadora.
Segundo Carlos Bellé, que compõe a equipe da editora desde a sua criação, “a Expressão surge no sentido de produzir materiais para essa formação da militância social brasileira, que estava inconformada e resistia”, comenta.
E assim aconteceu, duas décadas depois a Expressão já publicou mais de 600 títulos, suas publicações abarcam mais de 30 segmentos, entre eles, a agroecologia, estudos de gênero, as artes, clássicos da política, história, economia, filosofia e educação.
A lista de autores e autoras conta com Paulo Freire, Florestan Fernandes, Augusto Boal, Ademar Bogo, Eduardo Galeano, Rosa Luxemburgo e tantos outros.
Durante sua trajetória, também foram integradas ao trabalho da editora mais de 300 colaboradores, para indicação e análise de textos, cessão de direitos autorais, trabalhos de revisão, tradução e diagramação.
Em 2010, a Editora ganha um espaço físico no centro de São Paulo, onde são realizados lançamentos, palestras e atividades em geral. Além disso, também está presente em grandes eventos e atividades itinerantes por todo país.
Incentivo à leitura
Segundo dados da última Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, publicada em 2018, 44% da população brasileira não lê e 30% nunca comprou um livro.
Essa mesma população faz parte de outro dado alarmante, três em cada dez jovens e adultos de 15 a 64 anos no País – 29% do total, o equivalente a cerca de 38 milhões de pessoas – são considerados analfabetos funcionais.
Essa realidade nada mais é do que o retrato do descaso com a educação em país. Para mudar esse cenário, a Expressão Popular tem o objetivo de fidelizar os seus leitores através de ações como o “Clube do Livro”, que permite que cada pessoa se cadastre nas modalidades “Leitor militante”, “Leitor solidário” ou “Leitor apoiador” e, a partir disso, passe a receber em sua casa, mensalmente, um ou dois títulos catalogados pela editora.
A produção de livros baratos e acessíveis, que fogem da lógica de mercado faz com que grande parte da população possa sim comprar um livro.
“Nosso objetivo é fazer com que o preço pago pelo livro, seja o valor do produto do trabalho, nós não acumulamos lucro nesse processo”, lembra Bellé.
Em meio a um momento em que o Ministério da Cultura foi extinto e o Ministro da Educação afirma que: “a ideia de universidade para todos não existe” e que devem ficar reservadas apenas à “elite intelectual”, lugares como a Expressão Popular tornam-se guardiões do livre saber.
O caminho traçado na realização de um projeto mais justo e igualitário de país é difícil de ser percorrido, pois fomentar a cultura e a educação em tempos como os que vivemos é tarefa dos grandes. Por isso, que venham mais décadas e décadas de batalha no campo das ideias e da formação.
Vida longa à Editora Expressão Popular!
*Editado por Wesley Lima.