Restauração ambiental: aprenda como escolher espécies para plantio
Por Vladimir Moreira
Da Página do MST
Se abandonarmos uma área desmatada, como uma pastagem, a capoeira irá crescer e com o tempo irá virar uma mata novamente. Isso acontece porque a natureza tem seus mecanismos para se recuperar após sofrer algum dano. Mas se o solo estiver muito degradado, com erosão ou contaminado com veneno, por exemplo, essa reação poderá demorar ou o ambiente não retornará ao estado natural.
Nós podemos ajudar a natureza nesse processo de recuperação plantando mudas. Para isso, precisamos saber quais arvores plantar, observar a natureza e aprender com ela.
Quando um pasto é abandonado algumas árvores mais ligeiras começam a crescer. Essas espécies, que chamamos de pioneiras, vão preparar o ambiente para o desenvolvimento das árvores mais fortes e duradouras. Depois vão aparecendo as secundárias e por fim as espécies clímax, árvores que irão viver muitos anos e formar a fase final da floresta. Como essas diferentes espécies vão surgindo uma após a outra, chamamos esse processo de sucessão ecológica.
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Para que tudo isso dê certo é muito importante a presença de mamíferos, aves, insetos e outros grupos de seres vivos que irão construir junto com as plantas um equilíbrio ecológico, prestando diversos serviços ambientais, como a dispersão das sementes e a fertilização do solo. Por isso, quanto maior a diversidade da fauna, assim como a da flora, mais robusto será o processo de restauração e mais rica será a futura floresta.
Ao observar como a natureza trabalha, podemos pensar nos critérios de escolha das espécies que cultivaremos em nossos viveiros nos assentamentos e acampamentos, como parte do Plano Nacional “Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis”.
1) Escolham espécies nativas da região e que ocorram na área que querem restaurar. Se forem plantar na beira do rio, por exemplo, plantem espécies comuns desse ambiente;
2) Plantem mudas de árvores de diferentes fases da sucessão ecológica. Para cada 100 mudas, plante 10 do tipo clímax, 40 do tipo secundária e 50 do tipo pioneira. Quando forem plantar as mudas no campo, as clímax devem ficar rodeadas por pioneiras e secundárias.
Para saber qual espécie pertence a cada tipo siga essas dicas. Não são regras, mas podem ajudar:
a) As árvores pioneiras em geral tem sementes pequenas e são produzidas em grande quantidade; dão frutos antes de cinco anos após plantio; crescem muito rápido e vivem pouco; além disso, tem madeira leve. As mudas podem ser plantadas a pleno sol. São exemplos a embaúba, candeia e aroeirinha;
b) As árvores clímax, ao contrário, tem sementes e frutos grandes e pesados, produzidas em menor quantidade; demoram mais de 20 anos para produzir os primeiros frutos; crescem bem lentamente e na sombra; tem madeira pesada e dura, podendo viver na floresta por mais de 100 anos. É o caso do jucá, jatobá e sucupira;
c) As árvores secundárias tem características intermediarias entre as pioneiras e clímax, com tamanhos das sementes, crescimento e longevidade medianos. São exemplos o ipê-amarelo, ingá e angico branco.
3) Optem por espécies que produzam flores ou frutos. Elas são apreciadas pelos animais silvestres, em especial as árvores melíferas que atraem pássaros e insetos importantes como as abelhas. Essas árvores irão aumentar a diversidade da fauna.
Pronto! Aproveitem essas informações para escolherem que mudas cultivar para restauração de áreas desmatadas. Agora é juntar a família, conversar sobre o que aprenderam aqui e aplicar em seu lote. Vamos trabalhar juntos rumo ao plantio de 100 milhões de árvores!
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*Editado por Fernanda Alcântara