Agroecologia e Educação
5 elementos importantes sobre Território do Dicionário Agroecologia e Educação
Da Página do MST
Lançado em abril, o Dicionário de Agroecologia e Educação é uma publicação realizada em parceria entre o MST, a editora Expressão Popular e a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio EPSJV/Fiocruz do Rio de Janeiro.
A obra reúne 106 verbetes, de 169 autores, com o intuito de ampliar o conhecimento sobre a agroecologia nas escolas e institutos de ensino de todo o Brasil. Os verbetes foram escritos por autores de 68 instituições diferentes, entre universidades públicas, institutos federais de educação, movimentos sociais e institutos de pesquisa.
Confira abaixo 5 elementos importantes para compreender o verbete sobre Território, escrito pelos autores Paulo Alentejano, professor de Geografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e Doutor em Ciências Sociais; e Luiza Chuva, professora da Rede Municipal do Rio de Janeiro e Mestre em Geografia.
1 O que é território?
Um determinado domínio espacial sobre o qual diferentes atores sociais afirmam um controle político, o que significa uma forma de ordenamento territorial que propõe uma determinada forma de organização das relações sociais e de apropriação da natureza. Ou seja, trata-se de um espaço em que se exerce uma dominação, econômica, política, ideológica, podendo ser contínuo ou descontínuo, concretizando-se em lugar ou região.
2 Projetos em disputa
O caráter político do território aponta também o seu caráter multidimensional e multiescalar, em que se desdobram relações de poder que integram os territórios, com a presença de diferentes projetos territoriais em disputa entre os vários atores e agentes, em que o conflito passa a faz parte do território, relacionado à luta de classes.
Um exemplo, nesse sentido, são as disputas políticas em torno de um projeto de agricultura e sociedade nos territórios em que são implantados assentamentos e acampamentos da Reforma Agrária. Se localizando uma das principais disputas entre o modelo de produção agroecológica camponês do MST e de agricultura industrial, de agroexportação de commodities e uso de agrotóxicos e destruição ambiental do agronegócio.
3 Espaço de exclusão e lutas
Os autores chamam atenção no verbete que, ao longo da história, diferentes grupos, comunidades e classes sociais sofrem com processos de territorialização-desterritorialização-reterritorialização, marcados por dinâmicas de exclusão socioespacial, que desencadeiam e tem como consequência a organização de processos de lutas por reterritorialização como os acampamentos de sem-terra ou de refugiados.
Esse fenômeno pode ser percebido a partir de ocupações de territórios pelos movimentos populares do campo, como o MST, e urbanos, como o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), por exemplo. Porém, com o enfrentamento de inúmeros despejos forçados por essas populações rurais e urbanas em áreas de ocupações pelo país.
4 Ampliação das lutas por território
Nesse contexto, os autores apontam que nas últimas décadas as lutas dos movimentos populares em torno dos territórios têm se ampliado. Se difundindo assim, a concepção de defesa de territórios, a exemplo das denominações dos territórios indígenas, quilombolas, camponeses, entre outros.
5 Luta reafirma a sobrevivência dos povos
Estes movimentos de luta por território buscam reafirmar que a terra é mais do que um bem material, mas representa uma condição de vida, um espaço identitário e que engloba uma relação diferenciada com a natureza e os bens comuns. Assim, no contexto da sociedade capitalista os movimentos de luta por territórios enfrentam ameaças pelos movimentos expansivos e espoliativos do capital, a exemplo do agronegócio ou da especulação imobiliária.
Ainda assim, os movimentos populares seguem lutando e construindo hoje os territórios do amanhã. A exemplo do MST, que tem a disputa pelo território da terra no centro da sua estratégia de luta.
Criado em 1984, o Movimento surge a partir da necessidade de disputar o território do campo, apropriado e concentrado historicamente pelo latifúndio, e busca garantir a permanência de famílias agricultoras e camponesas para produção da sobrevivência nesses territórios. Pois, a partir da década de 1970, o avanço da mecanização do capital e da concentração de terras pelo latifúndio no campo tem gerado a expulsão em massa de famílias camponesas e de trabalhadores rurais do campo brasileiro.
*Editado por Fernanda Alcântara
** Este texto faz parte de uma série sobre os verbetes do Dicionário de Agroecologia e Educação. Veja aqui outros verbetes como Agroecologia, Agrotóxicos, Educação em Agroecologia e Saúde das Populações do Campo, da Floresta e das Águas.