Agroecologia

Emília Maria e a preservação dos territórios a partir das práticas agroecológicas

Famílias Sem Terra em Sergipe preservam o Rio Pitanga e criam espaço de formação da juventude em defesa do meio ambiente
Foto: Welber Santos

Por Díjna Torres*
Da Página do MST

A fazenda São José fica localizada no município de São Cristóvão, quarta cidade mais antiga do Brasil, no menor estado da federação, em Sergipe. É ocupada por cerca de cem famílias, com o intuito de preservar suas terras e as águas que jorram pelo Rio Pitanga, que cruza toda a propriedade, e do açude cercado de árvores frutíferas, muita sombra e água fresca. O território, batizado com o nome de Emília Maria, é um acampamento do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra em Sergipe, e leva esse nome em homenagem à memória da filha de dois companheiros militantes do estado. 

Foto: Welber Santos

Em vida, Emília Maria fazia parte do Coletivo de Juventude do MST, sendo muito ativa na militância, com suas ideias criativas e seus ideais coletivos. De acordo com companheiras e companheiros do Movimento, o acampamento é um espaço prioritário para a formação da juventude e para ações de preservação ambiental a partir das práticas agroecológicas que fazem parte dos objetivos do MST em todo o país, afinal, é preciso ocupar para alimentar, mas nutrir de maneira saudável, livre de agrotóxicos, das pressões do capitalismo selvagem e da perversidade do agronegócio. 

O rio que banha a propriedade é preservado pelas famílias, que se uniram para fazer placas de sinalização e orientação, a exemplo de mensagens como a proibição de extração de areia e de madeira, além de alertas para que as pessoas que frequentam o rio não deixem fogueiras acesas e levem seus lixos consigo, de modo a preservar as águas e o entorno do rio, uma ação muito importante de educação ambiental para todos da comunidade e seus arredores.

Foto: Welber Santos

Além do rio Pitanga, o território também possui um açude,espaço que recebe toda a água que vem da mata e das chuvas. Ao seu redor, foram plantadas árvores frutíferas que fornecem alimentação tanto para a fauna local quanto para quem habita o acampamento. No açude, é permitido que as pessoas que frequentam o local, realizem a atividade da pesca, porém, ela é permitida somente com anzol, pois a pesca com rede além de ser considerada um crime ambiental, pode prejudicar a reprodução dos peixes. 

Foto: Welber Santos

O acampamento Emília Maria, assim como tantos outros territórios ocupados pelo MST no país, apresenta exemplos de como deve ser a integração entre os seres humanos e a natureza, mostrando que é possível aliar a educação ambiental à Reforma Agrária e aos meios de produção que não agridem e acabam com o meio ambiente.

*Texto produzido durante o Curso de Comunicação e Questão Ambiental

**Editado por Fernanda Alcântara