Pochmann assume Ipea criticando “Estado raquítico” e “falso otimismo”

O economista gaúcho Márcio Pochmann tomou posse, na tarde de ontem, dia 14, da presidência do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em substituição a Luiz Henrique Proença Soares. Em seu discurso, criticou a falta de aparelhamento da máquina pública. “Temos um Estado raquítico”, afirmou. Segundo ele, os funcionários públicos representam 8% dos trabalhadores brasileiros. “Em 1980 era 12%. Nos países desenvolvidos varia de 18%, nos Estados Unidos, a 40%, nas nações escandinavas”.

Também criticou os economistas e intelectuais que vivem de um “falso otimismo com a possibilidade de superação do atraso” econômico do Brasil. Para ele, é preciso superar o atraso com a melhora das condições de trabalho da população.

O país vive, segundo ele, uma janela de oportunidade. “O desenvolvimento volta a bater à nossa porta, com o conjunto dos avanços proporcionados pelas inovações tecnológicas”. Mas criticou que a maioria das novas tecnologias “não garantem melhoria da qualidade de vida da população”.

Antes subordinado ao Ministério do Planejamento, o Ipea passou a fazer parte do novo ministério criado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Secretaria de Planejamento de Longo Prazo. Pochmann está subordinado ao ministro Roberto Mangabeira Unger.

Pochmann é professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Foi secretário de Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade da Prefeitura de São Paulo, na gestão da ex-prefeita e atual ministra do Turismo, Marta Suplicy. O economista é autor de 27 livros sobre inclusão social, desenvolvimento econômico e políticas de emprego.

“Fortalecer o Ipea, potencializar a sua função básica de pensar o desenvolvimento nacional, e valorizar a inovação no campo das políticas públicas matriciais e articuladas, são os nossos propósitos inalienáveis”, frisou Pochmann no discurso de posse.

O Ipea é uma fundação pública federal. Realiza pesquisas e estudos sociais e econômicos, e divulga o conhecimento resultante. Além disso, dá apoio técnico e institucional ao governo. A partir dos resultados dos estudos, o governo formula e reformula as políticas públicas e os programas de desenvolvimento.

Fonte: José Carlos Mattedi e Daniel Merli, da Agência Brasil