Amigos do MST realizam encontro em defesa da Reforma Agrária Popular


Do Coletivo de comunicação do MST-SE
Da Página do MST

Cerca de 200 pessoas de movimentos sociais, sindicatos e partidos políticos participaram do primeiro Encontro dos Amigos do MST em Sergipe, nesta quinta-feira (27), no Centro de formação Canudos, no assentamento Moacir Wanderley, no povoado Quissamã.


Do Coletivo de comunicação do MST-SE
Da Página do MST

Cerca de 200 pessoas de movimentos sociais, sindicatos e partidos políticos participaram do primeiro Encontro dos Amigos do MST em Sergipe, nesta quinta-feira (27), no Centro de formação Canudos, no assentamento Moacir Wanderley, no povoado Quissamã.

Guido Michel, militante histórico do MST em Sergipe, deu início ao encontro falando um pouco sobre sua trajetória. “Cheguei ao Brasil em 1964. Hoje, aos 75 anos, continuo na luta, trabalhando no assentamento Barra da Onça, no Sertão de Sergipe. Nesta luta, é importante valorizar todas as nossas companheiras e companheiros.”

Em seguida, João Pedro Stedile, da direção nacional do MST, apresentou o conteúdo dos debates realizados com a base do MST ao longo dos últimos dois anos, sintetizados no 6° Congresso Nacional do Movimento, realizado entre os dias 10 a 14 de fevereiro deste ano.

Stedile relembrou que no início, o MST lutava apenas por terra, enfrentando o latifúndio atrasado. Naquele período, reivindicava uma Reforma Agrária Clássica, distribuindo a terra para as famílias camponesas e desenvolvendo um mercado interno para a indústria. 

“Hoje, a agricultura brasileira mudou. Estamos enfrentando o capital financeiro que comprou terras, água e usinas no Brasil para se proteger da crise econômica mundial. No estado de São Paulo, três empresas multinacionais compraram 58% da cana-de-açúcar e das usinas”, contextualizou.

Segundo Stedile, os presidentes Lula e Dilma montaram governos de composição de classes, que não tem força para realizar reformas estruturais. Ao mesmo tempo, a burguesia controla o Congresso por meio do financiamento das campanhas eleitorais, o poder judiciário e a grande mídia. 

“A rede Globo é o quarto poder no Brasil. Eles falam mal de nós o tempo todo, para que o povo brasileiro olhe as nossas mobilizações com ódio”, ressaltou.

Novo cenário

Para ele, este cenário exige uma mudança de paradigma por parte dos movimentos sociais do campo, em que a luta não resume apenas a terra.

“Lutamos para produzir alimentos saudáveis, através dos princípios da agroecologia. Lutamos para trazer agroindústrias, emprego e desenvolvimento no campo. E lutamos para educação, porque só o conhecimento liberta realmente o ser humano”, afirmou.

Entretanto, na avaliação do Movimento a força dos Sem Terra por si só não é suficiente para impor um modelo alternativo ao agronegócio. Nesse sentido, é preciso se aliar aos movimentos sociais do campo e da cidade, combinado a luta dos Sem Terra com a luta de massas na cidade. 

“Cada mobilização dos jovens, cada mobilização dos trabalhadores na cidade fortalece a Reforma Agrária. Por isto, a nossa luta é para uma Reforma Agrária Popular”, acredita.

Ao longo das falas foi apontada uma alteração na conjuntura da luta de classe no Brasil, ao avaliarem a existência de um clima novo, indicando um processo de retomada do movimento de massas no país.

A análise foi seguida por um debate, no qual se expressou a variedade das forças políticas e sociais apoiando a luta pela Reforma Agrária em Sergipe. 

Na saída, os participantes puderam saborear produtos da Reforma Agrária.

Do ato, participaram militantes do MST, representantes do movimento estudantil, do Levante Popular da Juventude, do movimento Hip-hop, da Universidade Federal de Sergipe (UFS), do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), do movimento quilombola, da Federação dos trabalhadores na agricultura de Sergipe (Fetase), do Movimento dos trabalhadores urbanos (MOTU), do Incra, do MDA, da Assistência técnica e social (ATES), e dos partidos políticos.