Após 13 anos, famílias correm risco de despejo do Acampamento Nova Vida, em MG

A área de 340 hectares abriga 32 famílias e produz alta quantidade de alimentos orgânicos para os municípios da região.

 

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Por Maura Silva
Da Página do MST

As 32 famílias do Acampamento Nova Vida, em Novo Cruzeiro, localizado no Vale do Jequitinhonha (MG), correm o risco de despejo caso o pedido de reintegração de posse, marcado para essa segunda-feira (26), se cumpra.

A área de 340 hectares, ocupada há 13 anos, abriga 32 famílias (cerca de 110 pessoas) que produzem alimentos orgânicos, como milho e feijão, para Novo Cruzeiro e outros municípios da região.

 

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Para o coordenador nacional do MST, Enio Bohnenberger, a ordem para de reintegração emitida pelo comando da Polícia Militar de Belo Horizonte, por meio da 3ª Vara Agrícola, é digna de repúdio, uma vez que área já é ocupada há anos e se transformou numa colônia agrícola da região.

“As famílias não vão sair de suas casas e da terra onde trabalharam duramente por anos. Os Sem Terra transformaram essa área num espaço produtivo, construíram estradas de acesso, mata-burros para possibilitar a transposição de córregos e rios, além de casas, área de lazer, centro de reuniões, uma rádio comunitária; isso sem falar do cultivo de policultura, sustentada a partir de cultivares de base, como milho, feijão, mandioca, abóboras e etc”, disse Enio.

 

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Os Sem Terra entraram com uma petição na Vara de Conflitos Agrários da Região para impedir a reintegração. Segundo o coordenador, a prefeitura municipal apóia as famílias acampadas, e entrou com uma segunda petição com o intuito de impedir a reintegração. “Vamos fazer o que for preciso para garantir a permanência de todas as famílias na área”, afirma.

Em nota de repúdio enviada à imprensa, o professor doutor Rogério Fernandes Macedo, da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e do Instituto Brasileiro de Estudos Contemporâneos (IBEC), lembra que governador Fernando Pimentel (PT) pode colocar fim ao drama das famílias.

Para tanto, bastaria que o governo do Estado fizesse valer a ordem da prefeitura de Novo Cruzeiro, que no final de 2014 decretou o Acampamento Nova Vida como sendo área de interesse público, convertida em Colônia Agrícola.

 

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Ele lembra que a prefeitura já dispôs em sua previsão orçamentária os recursos necessários à remuneração do proprietário, bem como a posição do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que já declarou reiteradas vezes interesse em comprar a área e destiná-la à Reforma Agrária.

Até o momento, policiais e helicópteros rondam o local para fazer um mapeamento da área. Não houve conflito direto. O prazo de reintegração se estendeu até quarta-feira (28).