Jornada Universitária pauta reforma agrária e suas diversas expressões no campo acadêmico

Na UnB, a abertura da jornada foi realizada nesta segunda-feira, e as programações acontecem até a próxima sexta.
Jpedro mesa de abertura 2_web.jpg
Foto: Felipe Canova.

Por Iris Pacheco e Felipe Canova
Da Página do MST

Nesta segunda-feira (6), o Campus Darcy Ribeiro da Universidade de Brasília (UnB) foi palco da abertura da 2° Jornada Universitária em defesa da Reforma Agrária, com a participação de João Pedro Stedile, da coordenação nacional do MST, na mesa em que se debateu a Água e questão agrária no Brasil.

A 2° edição da Jornada tem o desafio de ampliar a participação de universidades, institutos e campus em torno da atividade, aumentando a visibilidade à agenda de democratização da estrutura agrária, social, econômica, política e educacional brasileira.

Para Stedile, “a Reforma Agrária historicamente tem sido escondida do debate acadêmico, sobretudo pelo distanciamento da Universidade das grandes questões que impactam a vida do povo”.

Para ele, uma dessas questões, evidentemente, é a questão agrária. “Hoje essa falta de debate sobre o tema é
ampliada pela hegemonia que os meios de comunicação criaram em torno do agronegócio. Por isso, a Jornada é importante, para poder levar da sociedade para a Universidade o tema da Reforma Agrária e outras diversas expressões que estão no cotidiano do povo brasileiro”, acredita.

A professora Juliana Rochet, do curso de Licenciatura em Educação do Campo – UnB, segue na mesma linha, e afirma que a Jornada tem a missão fundamental de pautar a questão agrária e suas diversas expressões na Universidade.

“A Jornada tem como objetivo recolocar o tema da Reforma Agrária no centro do debate social e político em torno de um projeto de país democrático, comprometido com o enfrentamento das desigualdades em suas diversas dimensões”, salientou.

O debate sobre Reforma Agrária é escasso no campo acadêmico, até mesmo em cursos, como a Agronomia. Um debate fundamental em cursos como este, em que essa questão deveria ser primordial e central, está longe de ser pautado pelo corpo docente e pela estrutura educacional da universidade.

Segundo Adriana Dantas, da Federação dos Estudantes de Agronomia (FEAB) e Via Campesina, os poucos professores que ousam debater a Reforma Agrária dentro do curso de Agronomia não o fazem de forma aprofundada.

“Este debate não está pautado pelos professores, pois é um tema que toca diretamente na acumulação do Capital. Alguns não “podem” tocar no santo nome, Capitalismo, dentro das universidades, pois este assunto acaba levando a outro que muitos tem medo até de pronunciar, Socialismo. Aos estudantes, resta a luta, a busca pela unidade e o entusiasmo”, comentou.

Dantas ainda criticou o fato de muitos estudantes do curso de Agronomia concluírem o curso sem nunca ter discutido e debatido profundamente o tema da Reforma Agrária.

JPedro mesa de abertura_web.jpg
Foto: Felipe Canova.

Jornada Universitária

A Jornada é organizada por diversos movimentos e organizações sociais como Associação Brasileira de Estudantes de Engenharia Florestal (ABEEF), Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), Grito Social das Águas, Federação dos Estudantes de Agronomia (FEAB), Levante Popular da Juventude e o MST.

Núcleos e Grupos de estudos da UnB também ajudam a organizar o evento, como o Núcleo de Estudos Afrobrasileiros (NEAB-UnB), o Grupo de Pesquisa Literatura e Modernidade Periférica, o Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Materialismo Histórico-Dialético e Educação (Consciência), o Grupo de Pesquisa Modos de Produção e Antagonismos Sociais (MPAS) e o Residência Agrária FUP-UnB.

A atividade integra a segunda edição nacional da Jornada que ocorre em todo mês de abril em diversos estados brasileiros. Em Brasília, ocorre até sexta-feira (10/04). Confira programação completa aqui.