Cozinhas regionais trazem os sabores da Reforma Agrária Popular ao Parque Água Branca

Do café da manhã à janta, passando pelo almoço reforçado, a praça de alimentação funciona todos os dias onde as aproximadamente 15 cozinhas servem o melhor dos pratos regionais, tudo comercializado a preço justo.

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Por Gustavo Marinho
Da Página do MST

Fotos: Joka Madruga

Moqueca, carne de bode, acarajé, pato no tucupi, arroz com pequi, farinha d’água… Além da comercialização de diversos produtos dos assentamentos e acampamentos de todo o Brasil, quem passa pelo Parque da Água Branca durante a 1ª Feira Nacional da Reforma Agrária, tem a possibilidade de saborear dos mais variados pratos típicos de todas as regiões do país.

A grande praça de alimentação reúne os sabores característicos de cada ponto do país, tudo produzido pela mão das camponesas e camponeses que, até o próximo dia 25, proporcionam a sociedade paulistana uma rica amostra da cultura e do paladar da Reforma Agrária Popular.

Do café da manhã à janta, passando pelo almoço reforçado, a praça de alimentação funciona todos os dias onde as aproximadamente 15 cozinhas servem o melhor dos pratos regionais, tudo comercializado a preço justo (Clique aqui para ver mais fotos da feira)

Enquanto preparava o tradicional vatapá baiano, Dulcelene Felicíssima, do Recôncavo da Bahia, estampou o sorriso no rosto para descrever o prazer de trazer o prato de sua terra. “Foram 3 dias na estrada para chegar até São Paulo, guiados pelo amor e pelo prazer para participar desse importante momento e ainda mais com a responsabilidade de trazer um pouco da nossa cultura para quem vive aqui em São Paulo”, comentou a baiana conhecida por Dulce.

 

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Junto ao vatapá, diversos outros pratos preenchiam o cardápio baiano: o caruru, o beiju, dobradinha, carne de bode ensopada, carne de sol, além das moquecas de peixe tucunaré, surubim e o famoso acarajé.

“Essa Feira representa a diversidade do nosso Movimento e a dimensão da nossa cultura, através da nossa culinária também tinha que marcar presença aqui. Mesmo com as dificuldades, do tempo, na estrada… É muito bom estar aqui e ainda poder trazer um pouco do sabor da nossa terra”, destacou Domingas Farias, também do estado da Bahia.

Logo ao lado do tempero do dendê baiano, a cozinha da região amazônica trouxe a Feira os tradicionais pratos no tucupí: pato e galinha caipira.

A paraense Márcia dos Santos, enquanto servia os pedidos em pratos de cerâmica marajoara, cerâmica artesanal feita pelos indígenas da ilha de Marajó, falava da grande procura dos paulistanos pelas comidas das regiões. “Em menos de duas horas vendemos mais pratos do que esperávamos. Tivemos até que colocar mais comida na panela, pois a procura foi grande”, falou Márcia, que enquanto servia o pato ou a galinha, já oferecia a sobremesa da cozinha: os bombons de cupuaçu e de castanha-do-pará “podem provar que aqui é barato, tradicional e bem recheado!”

Márcia destacou que o espaço gastronômico tem proporcionado aos que visitam a Feira um encontro com as suas histórias e suas raízes. “São Paulo é um lugar que tem muita gente, vindas de diversos lugares… O pessoal tem passado aqui e quando encontram determinado prato, lembram de seus locais de origem, de onde vieram seus pais, avós; isso é muito bacana, dá um prazer poder ver que os frutos das nossas lutas estão proporcionando isso.”

 

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Danusa Silva e Marcos Welbi, não pouparam elogios após provarem do pato no tucupí. A mineira Danusa aprovou o preço do prato, além da simpatia de quem a serviu, “poderíamos ter ido a algum restaurante e pagar cerca de R$200,00 para poder comer um prato como esse aqui, mas aqui pagamos muito menos, fomos bem atendidos com a simpatia dos paraenses, provamos de um prato feito de uma maneira tipicamente tradicional e ainda pude ficar super à vontade para pegar o osso com a mão para saborear o prato até o fim”, disse.

“Aqui o regionalismo e a cultura brasileira estão muito bem representadas em sua melhor forma: organizada e cheia de vida e sabor”, comentou Marcos.

O arroz carreteiro do Rio Grande do Sul, preparado e servido pelos gaúchos tipicamente trajados com a pilcha, vestimenta tradicional da cultura gaúcha, que, com muita simpatia e orgulho, anunciavam que do arroz orgânico ao tomate usado na preparação do prato, tudo era produzido pelos assentados e assentadas da Reforma Agrária da região, “aqui no prato é a nossa produção e a nossa tradição para todo o povo de São Paulo”, pontuou o gaúcho Denio Jaques.
 

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Sobremesas também não faltam. Vindo de Sergipe, os grupos de mulheres organizados na cooperativa no município de Japaratuba, região Norte do estado, esbanjam a mesa repleta de tapioca doce, cocaca, biscoito, queijadinhas, broa de milho, geleias, compotas e uma diversidade de sabores de bolos, tudo produzido e comercializado pelas próprias mulheres das cooperativas.

Sem deixar de falar do jantar tradicional nordestino oferecido pela cozinha do estado de Pernambuco, macaxeira e cuscuz acompanhado pela carne de bode ou carne seca.

Seja no dendê, no tucupi, com piqui, com carne seca, carne de bode ou tapioca, a 1ª Feira Nacional da Reforma Agrária ocupa São Paulo enchendo os olhos e a barriga com a fartura e os frutos das lutas dos camponeses e camponesas organizados em todo o país, num grande retorno à sociedade com os resultados concretos da Reforma Agrária Popular.