Artistas populares gravam CD e DVD com composições que expressam a cultura do povo Sem Terra

Após mapeamento cultural realizado nas áreas de assentamento do Sergipe, notou-se uma notória quantidade de manifestações culturais e artistas populares, a partir daí nasceu a necessidade de registrar tamanha diversidade cultural.
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Foto: Luara Dal Chiavon

Por Bruna Daniely
Da Página do MST

Após mapeamento cultural realizado nas áreas de assentamento em todo o Sergipe, notou-se uma notória quantidade de manifestações culturais e artistas populares, a partir daí nasceu a necessidade de registrar tamanha diversidade cultural.

Por conta da característica peculiar da cultura popular que é a relação direta com o meio ambiente e a passagem do saber de geração pra geração, escolheu-se produzir e gravar todo conteúdo nas próprias comunidades onde os artistas estão inseridos. Dessa forma além, da comunidade estar envolvida ela reconhece e valoriza as manifestações e os artistas que estão nesse contexto, para que não se perca e que as gerações futuras além de conhecer sua própria arte, possam também reproduzi-la. 

Para Valdilécia Santos, do setor de cultura do MST, “essa obra é muito importante pois além de todas as faixas serem de composição própria dos grupos de artistas populares, gravamos com a mínima interferência para nos aproximarmos o máximo possível da essência das manifestações, preservando o cotidiano e a naturalidade”.

Toda a gravação foi realizada com um estúdio itinerante, concepção que dialoga com a realidade de permanente movimento do MST. Onde as pessoas já se reconhecem nesta forma e, ao mesmo tempo, rompe com o receio do novo. Também permite mais proximidade com tecnologias inicialmente estranhas a sua vivência cotidiana.

De acordo com Valdilecia, dentre os objetivos desse belo trabalho estão: “registrar algumas das manifestações populares e artistas populares existentes nos nossos assentamentos, valorizar a ação desses sujeitos reconhecendo o potencial artístico, formativo e organizativo dessas manifestações e artistas populares, evidenciar a existência desses, como parte da produção e reprodução da vida dos assentamentos e da sociabilidade das comunidades que expressam a cultura do nosso povo sem terra”, conclui.
 

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Foto: Luara Dal Chiavon

Toda a atividade foi produzida e realizada numa articulação entre o coletivo nacional de cultura, a direção estadual de Sergipe, Centro Comunitário de Formação em Agropecuária Dom José Brandão de Castro (CFAC) e Instituto de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). 

Participaram do CD e DVD os artistas/grupos: a família Vito do Assentamento da Queimada Grande, no município de Poço Redondo, O grupo de São Gonçalo no Assentamento Mandacaru, Canindé do São Francisco; João Marcos, assentamento Jacaré Curituba, Poço Redondo; Fabinho do Acordeon, assentamento Padre Nestor, Japaratuba; Dona Chica, assentamento São Roque, Cristinápolis; Lupércio Damasceno, assentamento 8 de Outubro, Simão Dias; Josefa Vito e Zefinha dos Santos, assentamento Jacaré Curituba, Poço Redondo; Vem Vem do Nordeste, Canindé do São Francisco; Mestre Tonho, Poço Redondo.