Acampados iniciam plantio na fazenda de Temer ocupada

Queremos fazer uma produção de fato limpa, respeitando toda a nossa biodiversidade e o meio ambiente. Começamos plantando palmito dentro dessas terras e vamos avançar no arroz, no feijão, na mandioca, no milho.

 

 

Por Camila Bonassa
Da Página do MST

 

Na manhã desta quinta-feira (12), sem terras acampados na Fazenda Esmeralda, no interior de São Paulo, iniciaram o plantio de alimentos. Aos primeiros raios de sol, as acampadas e acampados já se organizavam para preparar a terra e iniciar a plantação, num cenário que até agora só cultivou conspirações golpistas e eucalipto. A ação deve seguir por alguns dias.

Segundo Neusa Paviato, da direção estadual do MST, a ação tem como objetivo dar o recado para a sociedade brasileira sobre a necessidade da Reforma Agrária no país. “Queremos fazer a Reforma Agrária neste país. Queremos plantar comida, alimento saudável, alimento para a classe trabalhadora, para todos os trabalhadores e trabalhadoras desse país, é para isso que nós lutamos.

Queremos fazer uma produção de fato limpa, respeitando toda a nossa biodiversidade e o meio ambiente. Começamos plantando palmito dentro dessas terras e vamos avançar no arroz, no feijão, na mandioca, no milho”. Para o MST, o plantio de alimentos é também um contraponto à monocultura de eucalipto e à pecuária extensiva existentes na área.

O acampamento iniciado na última segunda-feira (9), tem recebido apoio da sociedade local e de entidades próximas ao MST. Inclusive, parte das mudas e sementes utilizadas para o plantio foram doadas por simpatizantes na região.

A fazenda Esmeralda tem cerca de 1500 hectares e está localizada entre os municípios de Duartina, Fernão, Gália e Lucianópolis. O MST denuncia que há diversas irregularidades envolvendo a área e que, por isso, ela deve ser destinada à Reforma Agrária. Entre as irregularidades há, por exemplo, a existência – dentro da fazenda – de uma antiga estação de trem que foi desativada, mas, diferente das demais estações no estado de São Paulo, não pode ser acessada nem pelos órgãos responsáveis do patrimônio público. Segundo a direção do MST, a faixa de terra da estação é pública e não poderia ser apropriada de forma privada. Para o Movimento isso configura “grilagem”.

Apesar de, oficialmente, a fazenda Esmeralda estar registrada em nome de João Batista Lima Filho, o Coronel Lima, sócio da Argeplan, há indícios que apontam o agora presidente interino Michel Temer como verdadeiro dono da área. Na sede da fazenda foi encontrada correspondência da prefeitura de Duartina endereçada a Temer. Segundo a direção do MST, a fazenda serviu como quartel general do golpe que levou Michel Temer interinamente à presidência da República.

No estado de São Paulo existem em torno de cinco mil famílias acampadas lutando por um pedaço de chão, enquanto milhares de hectares de terras públicas e devolutas seguem griladas.

“Nessas áreas deveria ser feita a Reforma Agrária porque elas estão invadidas pelos grandes usineiros, grandes latifundiários e grandes fazendeiros. E o Temer, mesmo sendo vice-presidente do Brasil, não é diferente dessa corja que existe no país. É por isso que estamos aqui, ocupando, plantando, lutando”, ressalta Neusa Paviato.