Jovens de mais de 40 países debatem a política no Festival da Utopia

“O jovem é um real potencial para gerar mudança nas contradições que estão colocadas para o conjunto da classe trabalhadora”.

 

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Do Brasil de Fato 

Durante o Festival da Utopia, realizado em Maricá, no Rio de Janeiro, a juventude vinda de mais de 40 países, de quatro continentes debateu sobre a atual conjuntura política mundial.

Para o colombiano, Julian Gil, participante do encontro: “A esperança pode até ter muitas cores, aromas e formas, mas tem apenas uma maneira de manter-se viva: na luta”

Para o militante, o capitalismo violenta cotidianamente a juventude em todo o mundo, “a violência é expressa em diversas formas, desde gerar uma segregação da juventude, quando se utiliza os mecanismos de repressão, exploração e opressão, até o impedimento do pensamento crítico da juventude, com um ataque político-ideológico injetado pelos grandes meios de comunicação de massa. O capitalismo está disputando a consciência da juventude”. 

Relatos vindos das diversas partes do mundo descreveram os principais dilemas enfrentados pelos jovens do campo e da cidade na atualidade. Da luta contra a privatização da educação na África do Sul, dos desafios da juventude no campo do trabalho e geração de renda à luta da juventude brasileira em defesa dos direitos da classe trabalhadora e da democracia, o debate apresentou um diverso panorama dos processos de organização dos jovens que, a partir dos relatos, construíram um processo de análise conjuntural.

“O jovem é um real potencial para gerar mudança nas contradições que estão colocadas para o conjunto da classe trabalhadora”, destacou o colombiano. 

 

Inimigo comum

 

“Seja em qualquer parte do mundo, é preciso que a gente entenda que estamos resistindo e lutando contra um só inimigo: o imperialismo”, reforçou Lamis Shalaldeh, da Palestina.
Para ela a juventude tem a tarefa de assumir e se envolver nos processos de luta em seus territórios, “precisamos ser eficazes e construtores do nosso próprio destino, não apenas espectadores”.

“Nós jovens, que temos sido vítimas cotidianas do sistema capitalista, temos que ter a responsabilidade de lutarmos por uma verdadeira transformação social”, disse Lamis.
Semeando a esperança

“Estamos ancorados nas lutas populares do nosso povo e nossa luta hoje deve ser para continuar construindo esse processo. Devemos conseguir consolidar um projeto político, que precisa ser pensado como uma possibilidade real de transformar a vida de todos os jovens do mundo que estão sendo massacrados pelo imperialismo”, comentou Julian Gil.

Para ele, hoje os jovens de todo o mundo vivem com uma ausência de projeto de vida, “é preciso que em todos os cantos do mundo possamos pensar em processos de formação política e ideológica, que associado as lutas populares, possamos semear a esperança e não deixar de sonhar e construir relações solidárias”.

Legado de luta

A cultura dos povos e as lutas dos trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade em todo o mundo, são elementos presentes em todas as intervenções, músicas e palavras de ordem, agitando o debate dos jovens lutadores e lutadoras que alimentam-se da ancestralidade para seguir a resistência e o enfrentamento ao capital.

“A vida de cada uma das nossas nações não está desconectada do resto do mundo, além de um inimigo comum, temos em comum um legado de luta”, reforçou a palestina Shalaldeh.

Nem a distância geografia, nem a diferença de idiomas são barreiras para impedir a leitura 
comum da juventude internacional sobre atual conjuntura. Com um olhar responsável ao futuro da humanidade, a rebeldia e a coragem dos jovens de todas as partes do mundo reforçam o compromisso e a disposição do debate e da luta contra os ataques do modelo capitalista ao conjunto da sociedade.

“E é pelo nosso legado e pela história que queremos construir e seguiremos em luta, construindo um novo mundo, com novas formas de se relacionar, que supere o individualismo, resgatando nossa cultura e a alegria dos povos”, disse.