Camponeses se formam em história pela UFPB

A cerimônia de colação de grau aconteceu na UFPB, e contou com a presença de familiares dos formandos, lideranças dos movimentos socais, professores e representantes do PRONERA

 

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Por Thais Peregrino
Da Página do MST 

 

Através do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA), trabalhadoras e trabalhadores do campo da região nordeste conquistaram nessa quinta-feira (6), o diploma de licenciatura em história pela Universidade Federal da Paraíba. A turma, que carrega o nome de Hugo Chavéz, ao longo desses cinco anos dedicou-se ao tempo escola e ao tempo comunidade. A metodologia da alternância permitiu que os alunos intercalassem o conhecimento acadêmico com os saberes do campo.

Os trinta e quatro formandos são militantes do MST, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Movimento atingidos por Barragens (MAB) e da Pastoral da Juventude Rural (PJR).

Fábio Santos, militante do MST da Bahia, compreende que a conquista de um diploma não é apensa uma vitória pessoal, mas também de sua comunidade.

‘’Foi a comunidade que me indiciou para fazer o curso, estou aqui graças ao MST e a minha comunidade. Por isso o retorno que vou levar como historiador para minha comunidade será uma consequência dessa experiência, será bom pra mim e para a comunidade. Ainda durante a graduação, pude com o tempo comunidade aplicar o conhecimento que estava adquirindo’’.

A cerimônia de colação de grau aconteceu na UFPB, e contou com a presença de familiares dos formandos, lideranças dos movimentos socais, professores e representantes do PRONERA.

Em 2018, o PRONERA completou 20 anos, em sua trajetória o programa já beneficiou 187 mil trabalhadores e trabalhadoras de áreas da reforma agrária. Dentro de uma conjuntura de ameaças diretas a educação do campo, a turma Hugo Chávez passa a compor uma história de resistência. Durante o ato solene, Jonas Duarte, da Coordenação Nacional do PRONERA, ressaltou que a transformações na sociedade se tornam possíveis quando a classe trabalhadora passa a ter acesso as universidades.

“Vejam o que acontece com o poder judiciário, esse poder judiciário cruel sai das universidades, ou ainda a resolução verde que entope o povo de agrotóxico, um conhecimento infelizmente produzido nas universidades. Por isso a importância e a vitória da classe trabalhadora em formar agrônomos, pedagogos, agrecologos, historiadores, cientistas sociais e assistentes sociais, é importante para construirmos outro país’’ ressaltou Jonas Duarte.

Já para Eulália Oliveira, Militante do MPA da Bahia, com o conhecimento adquirido pelo curso de história do PRONERA, as histórias dos movimentos sociais passarão a ser contata pelos próprios protagonistas da luta.

“O curso foi muito importante na minha vida, enquanto camponesa que produz conhecimento cientifico. A história dos campesinatos, dos povos que sempre foram excluídos da história e dos espaços de decisão política passam a ser contatas por nós e passa a ganhar outro significado. Com essa experiência pude contar a história da luta do MPA no perímetro irrigado de Ponto Novo, no norte da Bahia, isso já vai contribuir muito com minha organização que poderá pensar sua prática a partir do estudo cientifico que produzi’’ conta.