Ataque ao MST

Após ataque à acampamento, jagunços voltam a ameaçar famílias Sem Terra no Tocantins

Carros com jagunços voltam a sondar o Acampamento Dom Celso, em Porto Nacional/TO, durante a manhã deste domingo (17), após ataque de pistoleiros na última sexta-feira
Vestígios de balas de fogo no Acampamento Dom Celso/TO. Foto: MST/TO.

Por MST/TO
Da Página do MST

Na manhã deste domingo (17), as famílias Sem Terra voltaram a ser intimidadas por carros com jagunços que rondam a área do Acampamento Dom Celso, que sofreu ataque de pistoleiros na última sexta-feira (15).

Uma fazendeira da região, que se autodeclara proprietária da área, esteve presente no local e, na sequência, um homem em uma caminhonete efetuou vários disparos de arma de fogo contra as pessoas que se encontravam próximas.

Esses ataques não são isolados. As famílias Sem Terra que vivem no local, têm sofrido com constantes intimidações e ameaças de morte por parte de jagunços que atuam no local em disputa. Apesar das constantes ameaças, as famílias resistem na luta pelo direito de viver e trabalhar no campo.

O Ministério Público Federal (MPF) já comunicou o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e a Polícia Civil do município, solicitando que sejam tomadas as devidas providências quanto à proteção das famílias. Logo após o ocorrido, o fato foi registrado na Central de Flagrantes de Porto Nacional como tentativa de homicídio e o caso segue em investigação.

O MPF identificou os vestígios das várias balas de arma de fogo que ficaram no local após os disparos. Porém, desde que houve a denúncia, nenhuma medida de proteção às famílias foi efetuada até o momento, nem por parte da defesa civil, nem por parte do INCRA, órgão que deveria mediar as situações de conflito agrário.

“A gente tá aqui sem saber o que vai acontecer, se vai ter outro ataque hoje ou amanhã…”, declara a acampada Zélia Baiana. As famílias vivem no local em insegurança permanente, desde que o conflito agrário veio à tona e tem se agravado.

“É muita insegurança. Já registramos dois boletins de ocorrência, foi comunicado ao próprio secretário de segurança pública, mas até o momento a Polícia Militar não veio ao local, não veio perícia no local até agora.”, complementa Zélia.

Histórico da área

Em 2015, cerca de 90 famílias Sem Terra ocuparam lotes desocupados do PA Retiro, em Porto Nacional, reivindicando serem assentadas no local, dando início ao Acampamento Dom Celso. No entanto, em 2018, as famílias foram despejadas e 30 delas deram continuidade ao acampamento no lote 11 do mesmo assentamento.

Durante o processo de reintegração de posse, o INCRA se comprometeu a assentar as famílias na área desocupada, mas nada foi feito. Desde então, as famílias resistem e produzem alimentos saudáveis no local, a fim de denunciar o descaso do poder público e reivindicar o direito de serem assentadas.

Recentemente, uma fazendeira da região alegou ser proprietária da área em que o acampamento está organizado. O lote 11 é uma área do INCRA, portanto, pública. A argumentação da fazendeira não procede.

Mesmo assim, o acampamento passou a ser alvo de ataques e pressões de pistoleiros. A fazendeira contratou trabalhadores para desmatar parte da área, com o objetivo de construir uma cerca dentro do acampamento. As famílias acampadas impediram o trabalho e foram ameaçadas por jagunços.

*Editado por Maria Silva