Reforma Agrária Popular

Quem são, onde vivem, do que se alimentam o público do Festival da Reforma Agrária?

A diversidade vem tomando conta dos três dias de evento no Galpão do Armazém do Campo, na cidade de São Paulo

Da Página do MST

O Festival da Reforma Agrária, evento inédito que começou na última sexta-feira (2) no Galpão do Armazém do Campo, está sendo uma pequena amostra da já tradicional Feira da Reforma Agrária que deverá acontecer em 2023.

Nesses três dias, o público tem aproveitado uma programação cultural diversa, que conta com shows, apresentações artísticas, Culinária da Terra, lançamento de livro, rodas de conversa, oficinas formativas e com a comercialização de produtos oriundos de acampamentos e assentamentos do MST.

Ressignificando o verde e amarelo

Foi assim que o advogado André Godoy se sentiu ao visitar o Festival, que na sexta-feira também reuniu centenas de pessoas para assistir o jogo do Brasil na Copa do Mundo do Catar. “Depois de tempos tão difíceis poder vestir a camisa verde e amarela em um espaço repleto de pessoas com pensamento homogêneo, que lutam pela democracia diariamente é uma experiência única. Aqui está a representação da esperança, de um Brasil possível, promissor na Copa e na política”, salientou.

Esperança de um Brasil possível também foi o que Luciana Itikawa sentiu no Festival. Para Itikawa, que frequenta a Feira da Reforma Agrária desde a primeira edição em 2015, a comercialização não exploratória é um dos traços mais marcantes das feiras do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

“Para além da canalização dos produtos, existe uma coisa muito bonita e rara nas feiras do MST. O que vemos aqui é uma alternativa possível ao capitalismo, ao desmatamento e a exploração dos trabalhadores e trabalhadoras. Além disso, saber que cada produto comprado carrega em si o respeito aos processos dos saberes, o reconhecimento e a valorização das ancestralidades, das culturas quilombolas, indígenas e caipira que ainda resistem ao apagamento a imposição de determinadas técnicas e processos de produção que são prejudiciais do ponto de vista ambiental não tem preço”.

As feiras costumam ser uma boa opção para aquelas pessoas que ainda não conhecem a produção do MST, foi o caso do jornalista Cassio Ventura. “O primeiro contato que tive com produtos do MST foi em uma das feiras realizadas no Parque da Água Branca Esse é o tipo de iniciativa necessária para quebrar o estereótipo e a barreira que algumas classes têm do MST. Aqui vemos o resultado real do que começou lá atrás com uma ocupação de uma terra improdutiva, mas que hoje dá frutos, saudáveis, orgânicos e que só nos fazem bem”.

Na mesma linha, Sandra Pão, afirmou que poder ter contato com quem planta o que consumimos é uma coisa rara e uma experiência que só espaços como a feira e o Festival da Reforma Agrária proporcionam.