MST no Carnaval
MST realiza 3º curso de Carnaval e desfila com a Leões da Mocidade, em Curitiba
Por Juliana Barbosa e Igor de Nadai, do setor de Comunicação e Cultura MST no PR
Da Página do MST
Durante as duas semanas que antecederam o Carnaval, a juventude do MST no interior do PR se reuniu em Curitiba para a terceira edição do curso “MST no Carnaval”. O curso teve início no dia 29 de janeiro, com a chegada dos 25 educandos de diversas áreas do Estado, e terminou no dia 13 de fevereiro, com um belo e vitorioso desfile realizado junto à escola Leões da Mocidade.
O curso tem como objetivo promover atividades de vivência cultural com as escolas de samba, formação política e oficinas práticas em diversos instrumentos musicais, especialmente em percussão de samba enredo. Além disso, neste ano, o curso entra também como preparação para o 7o Congresso Nacional do MST, nos marcos dos 40 anos do MST. Ainda, como parte da programação, há o intercâmbio da turma com comunidades urbanas vivendo em situação de ocupações nas periferias da cidade. “O trabalho com o coletivo da Unidos da Lona Preta sempre foi inspirado nas escolas de samba e nos coletivos culturais de luta popular. O curso propicia uma atividade de formação extremamente rica para a juventude, considerando estudo teórico, imersão na riqueza e profundidade do conhecimento acumulado pelas escolas de samba e oficinas de música popular, que buscam estimular a formação de grupos musicais e percussivos nas comunidades de reforma agrária”, ressalta Igor De Nadai, do coletivo de cultura do MST. Nesta edição, foram realizadas diversas oficinas de música, entre elas a de pandeiro e de cuíca.
União Campo e Cidade
A relação do MST com o carnaval de Curitiba começou em 2019, quando alguns militantes do Movimento, junto a famílias de ocupações urbanas da capital, participaram da construção das alegorias e do desfile junto à escola de samba Leões da Mocidade. No ano seguinte, o Movimento deu um passo e realizou a primeira edição do curso, com duração de 22 dias, em que se aliou a dimensão do estudo teórico e político à formação técnica (bateria, confecção de alegorias e fantasias), além da vivência de participar do desfile e da escola de samba como um todo.
“É uma parceria que vem dando certo algo que muito me orgulha de poder tá trabalhando com o Movimento Sem Terra com pessoas que nunca tinha participado do carnaval que se somam com a gente e fica um trabalho lindo É uma parceria que deu certíssimo e se depender de mim só vai aumentar”, relata Sesóstris Filipe mestre da bateria Bafo de Leões da Escola de samba Leões da Mocidade.
MST atravessa a passarela do samba
O calafrio pelo corpo, o som do coração a pulsar e os olhos vidrados no temporizador que marca a contagem regressiva de 50 minutos para a escola entrar e, neste curto espaço de tempo, mostrar todo o trabalho e dedicação de um ano inteiro. Depois de duas semanas de curso, a turma da Unidos da Lona Preta entra na avenida junto à escola de samba Leões da Mocidade e seus mais de 300 componentes.
Este ano a escola trouxe uma homenagem ao centenário de Waldir Azevedo, grande cavaquinista e compositor brasileiro, e foi campeã do grupo de acesso do carnaval curitibano, e assim, em 2025, volta a desfilar na categoria especial do carnaval curitibano.
Ericka Raiane é uma dessas jovens que se somaram à escola durante o Curso de Carnaval. Vinda do acampamento Zilda Arns, de Florestópolis/PR, a educanda participou das aulas teóricas, oficinas de música, e ainda ajudou na construção das fantasias e dos carros alegóricos, além de ser ritmista na ala de caixas na bateria. “Pra mim foi muito gratificante estar aqui participando com o pessoal da Unidos da Lona Preta, foi muito bom participar das formações, muito gratificante poder fazer as fantasias e os carros alegóricos. Sempre quis saber como funcionava o carnaval e aprendi muito, fiquei muito feliz pelo que eu construí”, comenta Raiane. “E ver as pessoas vestindo as fantasias que eu ajudei a fazer foi maravilhoso, tocar na avenida foi inesperado, nunca imaginei vestir uma fantasia e tocar no carnaval. A hora que pisei na avenida e vi todos olhando deu um calafrio na barriga, deu vontade de chorar, foi uma emoção muito grande e foi arrepiante”, relata a companheira.
Além da relação com as escolas de samba, o curso tem como objetivo a construção com a classe trabalhadora urbana. Como parte da programação do curso, a turma visitou a Vigília Pela Vida, uma manifestação de luta e resistência das famílias da comunidade Tiradentes II, organizada pelo Movimento Popular por Moradia na Cidade Industrial de Curitiba. A visita se estendeu durante uma manhã toda, os educandos visitaram a comunidade e conheceram a história das famílias que lutam para não serem despejadas, há mais de 100 dias acampam em frente à empresa de lixo Essencis e reivindicam seu direito à moradia.
Visita na Comunidade Tiradente ll Fotos: Juliana Barbosa
MST 40 anos Rumo a Congresso Nacional
No marco dos 40 anos do MST, completados em janeiro deste ano, o curso teve também como objetivo resgatar a memória dos 40 anos do MST e se preparar para o 7º Congresso Nacional que acontecerá em julho de 2024. O trabalho com a Unidos é permanente durante todo o ano, acompanhando as diversas lutas do MST e realizando oficinas de percussão nas escolas, cursos e acampamentos do Movimento, além da composição e gravação de sambas-enredos.
*Editado por Fernanda Alcântara