Jornada de Vivências

Jornada de Vivências no MST planta solidariedade e apresenta Movimento para visitantes

Atividades aconteceram de 1 a 10 de Junho em todas as regiões do país
Foto: Delanisson Araujo

Por Fernanda Alcântara
Da Página do MST

Diante da discussão pública sobre o papel do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na Reforma Agrária Popular, o MST realizou uma jornada para apresentar para o povo brasileiro o dia a dia das áreas em que está organizado. A Jornada Nacional de Vivências, que começou no dia 1º de Junho e se estendeu até o dia 10, ocorreu em todas as regiões do país, abrindo as portas das áreas de Reforma Agrária para a sociedade.

A Jornada foi criada para ser um momento central no diálogo com a sociedade através da experimentação prática nos territórios de luta e resistência. Ao longo destes 10 dias, foram realizadas uma série de atividades, como plantio de árvores, construção de roçados solidários, vivências agroecológicas, visitações guiadas, mutirões para construção de viveiros e casas de sementes, mutirões de hortos medicinais, entre outras ações nos acampamentos e assentamentos do MST.

As ações tinham como perspectivas as comemorações da Semana do Meio Ambiente, a 14ª Jornada da Juventude e da campanha Tô Com o MST, entendendo a importância do Movimento em se posicionar perante o debate sobre Reforma Agrária Popular e a relação desta com a questão ambiental e a defesa do meio ambiente. Além disso, o MST passa por um momento de crescimento da criminalização da luta pela terra e da Reforma Agrária com a realização da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).

A Jornada de Vivências vem em um momento político em que o MST está sendo alvo da CPI que quer criminalizar a luta pela terra, o direito à ocupação de terras improdutivas para a realização da Reforma Agrária […] é uma forma também de reafirmar o diálogo com a sociedade, posicionando a Reforma Agrária como uma necessidade estrutural para o nosso país”
– Bárbara Loureiro, da Coordenação Nacional do Movimento

As visitas, previamente agendadas, aconteceram com as presenças de trabalhadores e trabalhadoras, estudantes, parceiros e amigos do Movimento, que acompanharam de perto o dia a dia da produção de alimentos saudáveis, a organização produtiva e as lutas em defesa da democratização da terra de maneira prática.

Ao todo, atividades foram marcadas em 18 estados, com a proposta de envolver dezenas de assentamentos e acampamentos, além de escolas e centros de formação.

No Sudeste ocorreram ações em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, com atividades de formação com a juventude sobre o tema da questão ambiental e ações de plantio de árvores, construindo bosques da Reforma Agrária. A Juventude do MST no Norte de Minas, por exemplo, atuou junto a comunidades rurais e realizaram atividades com as crianças da Escola Estadual João Miguel Teixeira de Jesus, localizada no assentamento Estrela do Norte, em Montes Claros – MG. A atividade contou com brincadeiras, dinâmicas, músicas e o plantio de árvores pelas crianças.

Vivência em São Paulo. Foto: MST São Paulo

Na região Nordeste, foram realizadas ações de plantio de árvores e visitas guiadas em áreas do MST nos estados de Alagoas, Paraíba, Piauí, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Em Alagoas, o final da Jornada foi marcado pelo ato político convocado como um “Abraço ao MST e a Reforma Agrária”, no acampamento Marielle Franco, em Atalaia, na Zona da Mata do estado.

A intenção de construir a Reforma Agrária Popular é justamente ter um espaço de bem viver, um espaço agradável de harmonia com a natureza. E essas vivências são uma forma de propaganda concreta de mostrar, na prática, de como nós [do MST] construímos essas relações, inclusive a partir dessa mobilização da juventude”
– Renata Meneses, da Direção Nacional do Movimento

Vivência em Alagoas. Foto: José Neto

No Centro-Oeste brasileiro, as atividades realizadas em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás ocorreram em torno da Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (JURA). No MT, as atividades estão ligadas ao Estágio Interdisciplinar de Vivência – EIV, no assentamento Silvo Rodrigues , que recebeu estudantes das universidades públicas do Estado. Com o objetivo de conhecer a luta do MST e a realidade dos assentamentos de reforma agrária, estudantes tiveram mesa de análise de conjuntura política e a história da luta pela terra na região e seguem até dia 22 de junho com a vivência dos estudantes no lote das famílias dos assentamentos da região.

Vivência no Mato Grosso. Foto: @vyh_pachione

Nos estados do Sul também houve atividades formativas nas Escolas Itinerantes do Movimento, visitas aos viveiros da Reforma Agrária em Santa Catarina e no Paraná, com destaque para a semeadura de 4 toneladas da Palmeira Juçara. A ação parte da preocupação de que um dos biomas mais ricos em biodiversidade do mundo é também um dos que está mais ameaçado de extinção: a Mata Atlântica.

Produção Palmeira Juçara MST-PR – Foto: Wellington Lenon

Na região Amazônica houve atividades no Maranhão, Tocantins, Roraima e Pará. Na região metropolitana de Belém/PA, as atividades aconteceram no assentamento Abril Vermelho, no município de Santa Bárbara. Mais de 50 pessoas, entre estudantes e professores da Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade Estadual do Pará (UEPA), Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) e Instituto Federal do Pará (IFPA); além de amigos, amigas e apoiadores, conheceram áreas de assentamentos e acampamentos e suas experiências agroecológicas e participaram de plenárias de estudo e debate, plantio de árvores, construção de viveiros, assembleias e intervenções nas áreas do Movimento.

O balanço destas atividades apontam que as Vivências no MST conseguiram alcançar o objetivo de firmar o diálogo com a sociedade sobre a importância da Reforma Agrária Popular e da produção de alimentos saudáveis para o nosso país, e por isso, seguirá com ações permanentes de visitação nos territórios e diálogos.

Para Renata Meneses, todas as frentes apresentadas estão conectadas à base do que o MST representa para o país. “Ocupar a terra é defender a natureza porque o MST tem um projeto, que é a Reforma Agrária Popular e a expressão de cuidados com o bem comum de produção de alimentos, para cumprir a função social da terra”, finaliza.

*Editado por Gustavo Marinho