Feira do MST mobiliza 30 mil pessoas em Belo Horizonte (MG)

Por Mara Santos
Da Página do MST

Quem passou pela IV Feira Estadual da Reforma Agrária Popular, realizada no Parque Municipal de Belo Horizonte (MG), entre os dias 12 e 14 de julho, teve a oportunidade de conhecer a experiência da Reforma Agrária Popular construída pelo MST. Estavam presentes mais de 170 agricultores que trouxeram a diversidade da produção agroecológica de todas as regiões do estado organizados desde os acampamentos e assentamentos, cooperativas e coletivos de produção do Movimento.

As famílias Sem Terra trouxeram mais de 50 toneladas de alimentos in natura e beneficiados, reunindo a diversidade alimentar que é produzida nos territórios onde o MST se encontra organizado, além das mais de 5 mil refeições servidas na Cozinha da Roça, durante os três dias de Feira.

“A nossa IV Feira Estadual da Reforma Agrária cumpriu com o objetivo de ser além de um espaço de comercialização, ser um momento de diálogo com a sociedade, de compartilhar a arte e a cultura camponesa Sem Terra sintetizada na proposta da Reforma Agrária Popular”, destaca Paula Ribeiro, integrante do Setor de Produção do MST.

Fábio Nunes, da direção estadual do Movimento, agradece a todas as pessoas que se envolveram ou contribuíram a partir das diversas equipes de trabalho. Ele destaca que foram mais de 170 feirantes e 15 cooperativas de todo o estado e outras cooperativas do Brasil, demonstrando toda força que tem a Reforma Agrária Popular na luta contra o modelo de desenvolvimento do agronegócio.

Culinária: Cozinha da Roça

Além da diversidade e qualidade dos produtos que vieram dos assentamentos e acampamentos da Reforma Agrária, quem passou pela Feira teve a oportunidade de saborear as delícias preparadas na Cozinha da Roça. No espaço foi possível alimentar-se com os pratos típicos da culinária mineira, alimentação que não possui relações de trabalho escravizado ou agrotóxicos, pois esta mistura não combina com o ato de alimentar-se.

Foram mais de 20 pratos típicos com sabor de relações saudáveis e luta pela terra preparados na Cozinha Sem Terra durante os três dias da Feira, afirmando que alimentar é um ato político. A partir dessa diversidade, a Cozinha da Roça foi mais um espaço que demonstrou a importância da Reforma Agrária Popular como alternativa para produzir alimentos saudáveis e combater a fome.

Por Terra Arte Pão!

A Feira propiciou um amplo processo de celebração da luta a partir do Festival: Por Terra Arte e Pão, com apresentações culturais de artistas parceiros e da Reforma Agrária que cantam, poetizam e lutam junto ao MST. Uma Feira e Festival juntos, dialogando a partir da perspectiva da arte e da cultura sobre as diversas dimensões da vida em uma mistura de festa, trabalho e pão.

A programação do Festival contou com a presença gratuita da banda Pato Fu, Fernando Anitelli, Nádia Campos, Paulinho Santos, Andréia Roseno, Surubim e os Pocomã, Rodrigo Borges, Julia Guedes, Sylvio Rosa, Tal Mãe, Tal Filha, Bloco Pisa Ligeiro e Maurício Tizumba. Ao todo foram mais de 26 grupos e diversos artistas populares que se apresentaram durante os três dias.

Recuperação ambiental, formação e luta na Feira

A Feira foi uma grande atividade formativa e contou com espaços que compõem a luta por Reforma Agrária Popular: O espaço do Plano Nacional “Plantar árvores e Produzir Alimentos Saudáveis”, apresentou a proposta desenvolvida pelo MST de Minas Gerais, a partir dos Programas Agroecológicos realizado nas Bacias do Rio Paraopeba e Rio Doce com a construção dos viveiros agroecológicos, agroflorestas, coleta de sementes, envolvendo a recuperação ambiental nas regiões do Vale do Rio Doce e Metropolitana de Belo Horizonte, ambas atingidas pelos crimes da mineração em Minas Gerais.

Outro espaço apresentado durante a Feira, foi o Barraco Sem Terra, uma mostra da importância de continuar fazendo ocupações das terras que não cumprem a função social. O espaço foi também uma demonstração simbólica da origem e do cotidiano da moradia de um acampado. A iniciativa foi construído em comemoração aos 40 anos do MST.

Também foram realizadas rodas de conversas como os mais diversos temas que iam desde a função social da terra, Reforma Agrária Popular e o plano nacional do MST de Plantar Árvores e Produzir Alimentos Saudáveis, até os “Resultados e Desafios da Agricultura Camponesa no acesso ao mercado institucional”.

Além disso houveram espaços já consolidados como práxis do movimento: a Ciranda Infantil “Ivonete Regina” e a tenda da Saúde “Diva França” que estiveram presentes desenvolvendo as práticas da educação, cuidado e afeto, fortalecendo as relações humanas na Feira.

Lutar é um direito!

Com a participação da Defensoria Pública, Coletivo MP – Transforma, Promotores, Associação Brasileira dos Juristas pela Democracia (ABJD) e Advogados Populares, foi realizado o Café com Juristas durante a Feira, que debateu a importância da luta pela terra, a resolução dos conflitos agrários com a desapropriação das terras e o assentamento das mais de 3 mil famílias acampadas em Minas Gerais.

Além de pautar o modelo criminoso do agronegócio e da mineração que destrói a terra, mata as pessoas e a natureza, o Café apontou para a importância da construção da Reforma Agrária Popular e um novo modelo de mineração.

Solidariedade: valor fundamental praticado na Feira do MST

Afirmando a solidariedade de classe como um princípio, o MST realizou durante o Ato Político na Feira, a doação de centenas de alimentos produzidos nos acampamentos e assentamentos da Reforma Agrária. As doações foram destinadas para a Comunidade da Pedreira Prado Lopes, periferia de Belo Horizonte, simbolizando o encontro do campo e da cidade, um convite para “Romper as cercas, produzir alimentos saudáveis”.

*Editado por Wesley Lima